Um relatório sobre alimentação, publicado nesta segunda-feira (13) e assinado por agências da Organização das Nações Unidas (ONU), aponta que, em razão da crise sanitária e econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19), ainda neste ano de 2020, mais 132 milhões de pessoas no mundo passarão fome.
No decorrer do documento, os órgãos reconhecem que a crise do novo coronavírus “está intensificando as vulnerabilidades e inadequações do sistema de alimentação global”.
De acordo com a ONU, esse sistema se representa por todas as atividades e processos de produção, distribuição e consumo de alimentos.
“Ainda que seja cedo para avaliar o impacto completo dos lockdowns [bloqueio total] e outras medidas de contenção, o relatório estima que ao menos outras 83 milhões de pessoas, e possivelmente até 132 milhões, podem passar fome em 2020 por causa da recessão causada pela Covid-19″, destaca trecho do relatório.
No ano passado, o relatório mostrou que cerca de 690 milhões de pessoas passaram fome: 10 milhões a mais do que no estudo feito em 2018. Com isso, agora, com a pandemia, o total nessas condições poderia passar de 800 milhões, ou seja, cerca de 10% da população mundial.
Ainda conforme destacou a ONU, a fome vem voltando a aumentar no mundo desde 2014, mesmo que “vagarosamente”. A preocupação surge em decorrência da tendência que reverte décadas de diminuição no número de pessoas famintas.
As regiões mais afetadas, segundo o documento, são: Ásia (381 milhões de pessoas passam fome); África (250 milhões); América Latina e Caribe (48 milhões).
Por fim, a ONU assegura que o aumento da fome no mundo serve de alerta, porque, com as pioras nos indicadores, dificilmente os países cumprirão a meta de erradicar a fome a partir de 2030, como era estimado em análises passadas.
Ademais, além da pandemia da Covid-19, outras crises que o mundo já enfrentava antes também contribuem para os dados ruins, a exemplo das guerras como a do Iêmen (uma das crises humanitárias mais graves deste século).