O mal de Parkinson atinge entre 15 e 20 mil pessoas na Bahia e apenas de 10 a 15% dos que possuem a doença fazem tratamento. Dentro deste aspecto, a Associação Bahiana de Parkinson e Alzheimer e a Associação de Neurociências Norte-Nordeste do Brasil realizam amanhã, dia 11, o Encontro Baiano de Doenças Neurodegenerativas, a partir das 15 horas, no Teatro Eva Herz da Livraria Cultura do Salvador Shopping. O eventro é coordenado pelo neurocirurgião Ailton Melo.

Este ano, o tema abordado será o “Envelhecer no Século XXI” e, segundo o médico Ailton Melo, professor de neurologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), qualquer pessoa pode desenvolver a doença, que é mais comum em cidadãos com mais de 60 anos, e o objetivo principal é chamar a atenção dos governantes para que sejam assegurados o envelhecimento ativo e saudável da população com ações sustentáveis.

Dentro deste aspecto, participam do encontro, além de médicos, pesquisadores, estudantes e associados da Abapaz, os secretários de Saúde Jorge Solla, do estado, e do município, José Antonio Rodrigues, e de Urbanismo, José Carlos Aleluia.

Segundo o neurocirurgião André Lima, o mal de Parkinson, também chamado de doença de Parkinson ou simplesmente Parkinson, é uma doença do sistema nervoso central que afeta a capacidade do cérebro de controlar nossos movimentos.

O mal de Parkinson recebe esse nome em homenagem ao Dr. James Parkinson, o primeiro médico a descrever a doença. O médico explica que o nosso cérebro não é responsável apenas pelos nossos pensamentos e raciocínios; todo movimento que fazemos, desde um simples piscar de olhos até o ato de andar, nasce de uma ordem vinda do sistema nervoso central, que através de neurotransmissores chega ao seu destino final, os músculos.

Um grupo de células cerebrais, chamado de neurônios dopaminérgicos, são responsáveis pela produção de dopamina, um neurotransmissor que age no controle dos movimentos finos e coordenados. Algumas atividades do nosso dia a dia são tão triviais que nunca paramos para pensar na sua complexidade.

O ato de beber um copo d’água, por exemplo, requer um grande controle dos nossos músculos, não só para levar o braço até o copo, mas também para agarrá-lo de modo estável, levá-lo até a boca e virá-lo apenas o suficiente para que uma quantidade 'x' do líquido chegue a nossa boca. Isso são chamados de movimentos finos, muito dependentes da ação dos neurônios dopaminérgicos.

O mal de Parkinson se caracteriza pela destruição destes neurônios, levando a uma escassez de dopamina no sistema nervoso central e, consequentemente, a um distúrbio dos movimentos, explicou.

Os fatores de risco

Os sintomas da doença de Parkinson só surgem quando cerca de 80% desses neurônios encontram-se destruídos. O porquê desta destruição ainda é desconhecido, o que faz com que o mal de Parkinson seja considerado uma doença idiopática, ou seja, sem causa definida.

Entretanto, alguns fatores de risco já foram identificados como: Idade – a doença de Parkinson é um enfermidade tipicamente de pessoas idosas, iniciando-se normalmente ao redor dos 60 anos. É raro encontrar pacientes com mal de Parkinson antes dos 40 ano.

Familiares de pacientes com Parkinson têm maior risco de desenvolver a doença;Sexo Masculino – o mal de Parkinson é mais comum em homens que em mulheres; Traumas no crânio – isolados ou repetitivos, como nos lutadores de boxe, podem lesar os neurônios dopaminérgicos; Contato com agrotóxicos – certas substâncias químicas podem causar lesões neurológicas que levam ao Parkinson.

Em Salvador, o Ambulatório de Neurociências do Hospital das Clínicas é o local que oferece atendimento gratuito aos paciente de Parkinson e Alzheimer. Os medicamentos usados pelos pacientes do mal de Parkinson são distribuídos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Para marcar uma consulta no ambulatório do Hospital das Clínicas, que fica no Vale do Canela, basta ligar de segunda a sexta, das 8h às 17h, para o telefone (71)3247-6982.

Os sinais e sintomas do mal de Parkinson podem ser divididos em 2 categorias: motores e não-motores. Em fases inicias da doença, o tremor é intermitente e costuma passar despercebido pelos familiares e amigos. A pessoa pode se referir a uma sensação de “tremor interno”, como se algum dos membros estivesse tremendo, quando na verdade, o tremor não é perceptível para outros.

Os tremores perceptíveis costumam começar em uma das mãos, normalmente com movimentos entre o dedo indicador e o polegar, como se estivesse a contar dinheiro. Com o passar dos anos a doença avança e os tremores se tornam mais generalizados, alcançando outros membros.

O tremor em repouso é o sintoma inicial do mal de Parkinson em 70% dos casos. Com o evoluir da doença, praticamente aparece algum grau de tremor. São poucos os casos de Parkinson que não causam tremores.

Como o tremor da doença de Parkinson ocorre em repouso e melhora com a movimentação, este acaba não sendo um sintoma muito incapacitante. Segundo o neurologista André Lima, da Academia Brasileira de Neurologia, a doença é tratável. Ele explica que geralmente os sintomas respondem bem às medicações. Lima explica, ainda, que a memória e a inteligência dos indivíduos com Parkinson podem ser comprometidos com a doença. Fonte: Tribuna