Na manhã deste sábado (19/12), a edição especial do programa Bahia No Ar (Rádio Sucesso 93,1 / rádio Metropolitana Web) recebeu o atleta e treinador, Rodrigo Sousa, de 28 anos, natural do município de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), e residente no bairro da Gleba E.

Questionado pelo radialista Roque Santos sobre “quem é Rodrigo Sousa?”, o esportista pontuou: “Sonhador, lutador, treinador, professor de boxe. Hoje, um servo de Deus, líder de jovens lá no ministério Vale da Benção […] Hoje, graças a Deus, um homem renovado, buscando fazer a diferença onde passa”.

Na sequência, Rodrigo falou sobre os projetos sociais que constantemente estão sendo realizados.

“A gente vem trabalhando o social também. Ontem [sexta-feira, 18 de dezembro] a gente fez uma entrega de alimentos no asilo Largo Maria do Carmo, em Leandrinho, que eu tive a oportunidade de conhecer o trabalho deles lá”, frisou.

Ao reforçar o quadro do BNA, batizado de ‘O Passado, O Presente e O Futuro?’, o radialista questionou sobre a história transcorrida pelo atleta, até chegar ao patamar em que se encontra presentemente.

“Minha história começou em 1992, minha mãe casou com um baiano, ela é natural de Alagoas e morava em Minas Gerais. Ela veio pra cá [Camaçari] com ele, meu pai (em memória). E nesse proceso todo ela viveu muitos desafios. Eu acredito, eu sempre digo que a resiliência que eu tenho hoje eu aprendi com ela. Ele se tornou alcoólatra  no decorrer da caminhada. Eu presenciei violências domésticas, necessidades, nunca passamos fome, mas algumas necessidades sim”, começou.

E seguiu: “Eu me lembro que, quando ele faleceu, eu tinha quinze anos. A única forma que eu encontrei de externar toda a revolta e rebeldia que tinham dentro de mim, era brigando. Dos doze anos aos quatorze eu briguei demais, tanto é que minha mãe pagava medicamentos, esquentou muito a cabeça comigo e aí nesse tempo ela me colocou em um projeto social, por intermédio de um amiga dela. Eu comecei a treinar, sem muito jeito, mas com bastante vontade. Fui colocado em uma disciplina […] eu era bastante rebelde. Alí, eu me apaixonei pela arte. Comecei no boxe, treinei bastante, participei de alguns campeonatos, mas infelizmente eu fui meio que adotado pelos jovens da criminalidade do meu bairro, por eu ser bem disposto para algumas coisas, aquela coragem. Mas, hoje eu entendo que é só vazio da cabeça mesmo, uma revolta. Eu fui abraçado por esses jovens, mesmo eu tendo irmãos mais velhos que sempre foram referência para muitas pessoas. Porém, eu não conseguia ver essa referência deles para mim”.

Vida no crime

“Nesse processo todo, me envolvi com crime, com drogas, com arma. Com dezessete anos eu dei minha primeira entrada na delegacia, por um suposto roubo de moto. Não tiveram provas suficientes e eu sai, continuei aprontando. Com dezenove anos eu decidi mudar de vida. Como minha mãe era de Minas Gerais, eu fui pra Minas Gerais, chegando lá, vinte dias lá fui preso robando carro e aí eu entendi naquele momento que nada muda se a nossa mente não mudar”, lembrou.

Em seguida, Rodrigo resumiu seu retorno para o boxe, realidade que ocorreu ainda em Minas Gerais, após ele arrumar um emprego e seu supervisor enxergar nele o alto potencial.

Durante o período que passou em Minas, cerca de três anos, ele começou a estudar o retorno para Camaçari.

“Tudo já estava diferente, minha cabeça já estava diferente e pensei, botei na balança, e resolvi voltar. Quando voltei, eu me deslumbrei com toda a receptividade de quem me acompanahva e torcia por mim. Nesse processo todo, eu nunca tinha bebido nem usado drogas, andava no meio, mas não usava. Eu me lembro que quando voltei todo mundo me recebeu bem, faziam os chamados ‘reggaes’. Foi nesse processo que eu experimentei a cocaína […] ali eu perdi minha identidade. Não conseguia ter mais ânimo para treinar, ser quem eu era. No decorrer desse tempo muitas pessoas se afastaram de mim, uma delas foi minha mãe. Eu me lembro que uma das últimas coisas que ela disse foi essa: ‘Se você quiser continuar vivendo a vida que você está vivendo eu venho só para seu velório’. Ela tinha um convênio com uma funerária, tinha colocado eu, ela e três amigos dela. Esses amigos já tinham acessado a senha desse convênio […] E aí ela foi embora. Eu estava tão cego que eu pensei ‘agora vou viver do jeito que eu quiser’. Passou um mês, tudo bem. No segundo mês, o vazio aumentou no meu coração e eu me lembro que comecei a sentir falta dela, do carinho, eu sou o caçula de três irmãos”, relatou.

A partir dessa lembrança, hoje, Rodrigo destaca que pensa muito bem em suas palavras, tendo em vista que ele acredita que elas tiveram um peso muito grande em sua história de vida.

A verdadeira mudança de vida, segundo Rodrigo, aconteceu em um momento que ele estava no banheiro e ouviu a ‘voz de Deus’. Naquele momento ele fez um propósito e passou três dias sem drogas, bebida e mulheres.

Em seguida, veio a busca pela religiosidade e o encontro com sua congregação atual, a Catedral Vale da Benção.

Presente

Atualmente, Rodrigo é cristão, obreiro e líder de célula na Catedral Vale da Benção. Através de seu trabalho como treinador, fomenta o resgate de jovens utilizando as artes marciais, e, por meio da criação de um projeto social, realiza distintos trabalhos beneficentes na cidade e na RMS.

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