Durante as pesquisas para tentar identificar a origem das manchas de óleo que contaminam o litoral nordestino, desde o início de setembro, os pesquisadores do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará (UFC), identificaram que as caixas misteriosas que apareceram em praias do Ceará e de outros estados do Nordeste, são oriundas de um navio alemão que naufragou na região, no ano de 1944.

Os objetos correspondem à grandes fardos de borracha, Entretanto, até o momento, não se sabe para que as caixas eram utilizadas.

“A gente sabia das caixas, mas nunca tínhamos conseguido desvendar de onde elas vinham. Aí veio a problemática do óleo. Por coincidência, ou não, a ocorrência desse óleo está acontecendo na mesma época do ano em que as caixas começaram a aparecer no ano passado”, explica o professor Luís Ernesto Bezerra.

Entretanto, “por enquanto “a relação entre as manchas de óleo e as caixas está descartada pelos pesquisadores, devido a substância se tratar de petróleo cru, relativamente recente. “Para ter relação com o óleo teria que ser muito velho. O naufrágio foi em 1944”, alerta Ernesto.

Como tudo começou

As primeiras caixas apareceram em outubro de 2018, em Alagoas. No Ceará, os fardos surgiram nas praias de Aracati, Camocim, Caucaia, São Gonçalo do Amarante, Trairi e Pecém, além do Serviluz, situadas em Fortaleza. Segundo Luís Ernesto, aproximadamente 200 caixas foram encontradas em todo litoral.

O navio “SS Rio Grande”, que foi afundado por forças aéreas dos Estados Unidos (EUA), utilizava nome brasileiro para se disfarçar dos inimigos de guerra e era carregado com esses fardos de borracha, conforme destaca o oceanógrafo físico do Labomar, Carlos Teixeira.

Pesquisa

Foi justamente a curiosidade que motivou o oceanógrafo a começar uma pesquisa histórica juntamente com os professores de oceanografia do Labomar, Luís Ernesto Arruda e Rivelino Cavalcante, do Curso de Ciências Ambientais da UFC.

“Eu encontrei uma caixa em Itarema [Interior do Ceará], que tinha uma inscrição pertencente à Indonésia Francesa, que ficou independente em 1953, ou seja, é muito antiga. Então começamos a pesquisas e encontramos confirmações desse naufrágio”, pontua Luís Ernesto.

O naufrágio foi datado entre 1º e 4 de janeiro de 1944, porém, só foi descoberto em 1996, mais de 50 anos depois, a cerca de mil quilômetros do litoral.

Foi a partir daí que Carlos Teixeira começou as pesquisas de simulação para confirmar que as caixas poderiam chegar até a costa nordestina, e obteve a confirmação na última quarta-feira (9).

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