Na expectativa de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresente nesta semana uma nova denúncia contra o presidente Michel Temer, a base aliada no Palácio do Planalto traçou uma estratégia para tentar transformar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI), que vai investigar operações da JBS, em uma arma contra os delatores da Lava Jato. O grupo governista vai atacar os últimos acordos de colaboração premiada, que atingiram a cúpula do governo e o PMDB.

Reforçada pela prisão, neste domingo, 10, do empresário Joesley Batista, do Grupo J&F, que controla a JBS, e do executivo Ricardo Saud, a ideia é pôr em xeque as delações fechadas sob Janot, incluindo a do corretor Lúcio Funaro. Segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo, o depoimento de Funaro deve servir de “gancho” para mais uma acusação contra Temer, investigado pelo Ministério Público Federal por organização criminosa e obstrução da Justiça.

Janot deixa o cargo no dia 17 e será substituído por Raquel Dodge. Embora o Planalto aposte nessa troca para que a Lava Jato tome “outro rumo”, a ordem é desqualificar tudo o que foi feito até agora pelo procurador-geral.

Ouvido pelo periódico, o advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira defendeu Temer. “Se houver nova denúncia contra o presidente e ela for baseada em fatos ligados aos delatores da JBS, obviamente ficará contaminada”, afirmou o criminalista. “Além disso, os fatos de uma nova denúncia, se é que ela vem, só podem dizer respeito ao exercício do mandato do presidente”, completou.

Mariz entrou com recurso no Supremo Tribunal Federal pedindo a suspeição de Janot, sob a justificativa de que ele persegue Temer por motivos políticos. Solicitou, ainda, que qualquer outra acusação contra o presidente seja suspensa até o STF se pronunciar sobre o assunto. O plenário da Corte julgará os dois temas nesta quarta-feira, 13.

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