Dando continuidade à notícia sobre a Operação da Polícia Federal (PF) realizada nesta segunda-feira (13), que investiga contratações de licitações fraudulentas, a partir de uma organização criminosa, com consentimento de prefeitos baianos, a polícia informa que houve desvio verbas do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

Fernando Berbert

 

Segundo a Polícia Federal, o rombo nos cofres públicos chega a R$ 57 milhões de reais. De acordo com o delegado da Polícia Federal, Fernando Berbert, na licitação montada pelos suspeitos prometia-se melhorar os índices de educação nos municípios, através da qualificação de professores, por exemplo. Mas, na prática, os serviços não eram prestados completamente ou às vezes nem eram. “A prefeitura, simplesmente, colocava o logotipo e os timbres”, afirmou. “Como a licitação era totalmente montada, não havia como [os gestores] não saber que aquilo tinha uma origem ilícita”, frisou o delegado.

Berbert afirmou que, pelo menos, o prefeito, o secretário municipal de Educação e o pregoeiro tinham conhecimento das fraudes. Do valor desviado, 10% ficavam com os gestores e 3% com os intermediários. Segundo o delegado, o Tribunal Regional Federal negou a prisão cautelar (que decorrer quando há indícios de que os suspeitos irão atrapalhar as investigações) dos gestores municipais envolvidos no esquema.

Nesta segunda-feira a Polícia Federal expediu quatros mandados de prisão. Dentre eles, o do líder da organização criminosa, que não teve o nome divulgado, e, segundo a polícia estava escondido em Guarajuba. “Foi preso saindo da casa do namorado”, contou. Um outro suspeito foi preso em Salvador. Apesar disso, garante o delegado, a capital baiana não está envolvida na fraude. Ele afirmou ainda que 19 municípios, que não tiveram os nomes divulgados, participavam da fraude na Bahia, um em São Paulo e outro em Minas Gerais. “Outros municípios podem ser identificados”, pontuou.

A operação cumpriu, ao todo, 96 mandados de busca e apreensão, um no gabinete do deputado estadual Carlos Ubaldino (PSD). O delegado não detalhou a participação do parlamentar no esquema, mas afirmou que as pessoas do meio político eram aliciadas pelos suspeitos. Na Bahia, os policiais federais estiveram nos seguintes locais: Salvador, São Domingos, Ruy Barbosa, Guarajuba, Água Fria, Capela do Alto Alegre, Mairi, Feira de Santana, Buerarema, Ilhéus, Itabuna, Camamu, Una, Ibirapitanga, Camacan, Mirangaba, Uauá, Teixeira de Freitas, Paramirim, Livramento, Cotegipe, Nova Soure, Itapicuru, Cipó e Ribeira do Pombal.