Uma análise de 10 anos realizada pela Brown University (EUA) aponta que a probabilidade de acontecer um derrame ou infarto aumenta logo nas primeiras 24 horas que uma pessoa fica submetida a uma qualidade do ar de nível "moderado"(classificação dada pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos). Foram comparados 1.705 casos de acidente vascular encefálico (também chamdo de derrame ou acidente vascular cerebral – AVC) com dados detalhados sobre os níveis de poluição atmosférica.

Depois de levar em conta o histórico médico de cada paciente, os pesquisadores concluíram que as chances de ter um AVC eram 34% maiores após um dia de qualidade do ar moderada do que após um dia de boa qualidade do ar. Com esses resultados, eles estimam que uma redução de 20% dos níveis de material particulado fino do ar teria impedido 6.100 das 184.000 internações por AVC que ocorreram no nordeste dos Estados Unidos em 2007.

O estudo não mostra que a poluição do ar provoca AVC diretamente. Entretanto, os pesquisadores reforçam que, se essa ligação for encontrada também em outras partes do país, as advertências de saúde dos governos deveriam ser revistas.

Qualidade do ar e ataque cardíaco

Um segundo estudo, publicado esta semana no Journal of the American Medical Association, fornece evidência adicional de que a poluição do ar pode aumentar o risco cardiovascular. Nesse estudo, uma equipe de pesquisadores franceses reanalisaram dados de 34 pesquisas anteriores realizadas em todo o mundo.

Níveis mais elevados de poluentes atmosféricos, incluindo material particulado, monóxido de carbono, dióxido de nitrogênio e dióxido de enxofre, foram associados a um ligeiro aumento do risco de curto prazo de ataque cardíaco. Os pesquisadores observaram um aumento no risco cardíaco mesmo em níveis de poluição considerados seguros pela Organização Mundial de Saúde.

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"Devemos ter em mente que toda a população está exposta à poluição do ar nos países industrializados, de modo que o efeito sobre a saúde pública não é desprezível", afirmam os pesquisadores. Eles ainda reforçam que, apesar de um aumento nos níveis de monóxido de carbono de 10 microgramas por metro cúbico aumentar o risco de ataque cardíaco em apenas 5%, uma mudança na qualidade do ar dessa magnitude poderia reduzir em 4,5% todos os ataques cardíacos na população em geral.

As principais fontes de poluição do ar são a queima de combustíveis fósseis (como o gás, petróleo, carvão e) e as emissões industriais. Respirar partículas finas podem prejudicar o sistema cardiovascular de duas maneiras: se as partículas forem para a corrente sanguínea, podem deixar os vasos sanguíneos menos elásticos; e elas podem aumentar a atividade do sistema nervoso simpático, que tende a elevar a frequência cardíaca e a pressão arterial e desencadear a liberação de hormônios do estresse. Isso muda a forma como o sangue flui através do corpo e pode desencadear AVC ou infarto em alguém que é suscetível a essas doenças.

Os pesquisadores acreditam que as pessoas que já estão em alto risco de acidente vascular cerebral ou ataque cardíaco devem considerar tomar medidas para reduzir sua exposição a níveis muito altos de poluição. Mas as pessoas saudáveis não devem ver os resultados como um chamado para sair e comprar máscaras. "A melhor maneira de prevenir um ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral é controlar fatores pessoais, tais como pressão arterial, colesterol, tabagismo e exercício", orientam os responsáveis pelo estudo.
Conheça os fatores de risco do AVC

Hipertensão

A pressão arterial alta é a principal causa de acidente vascular cerebral e o risco mais fácil de ser controlável. O tratamento eficaz da hipertensão é uma das principais razões para o declínio acelerado das taxas de morte por acidente vascular cerebral.
Tabagismo

Substâncias como a nicotina e o monóxido de carbono do cigarro danificam o sistema cardiovascular de muitas maneiras. O uso de contraceptivos orais combinados com o tabagismo aumenta o risco de AVC.
Diabetes

Muitas pessoas com diabetes também têm pressão arterial elevada, colesterol alto e estão com sobrepeso. Embora a diabetes seja tratável, a presença da doença ainda aumenta o risco de acidente vascular cerebral.
Colesterol alto

Pessoas com colesterol alto têm um risco maior de sofrer arteriosclerose, a formação de placas nas artérias, que obstrui o fluxo sanguíneo.

Má alimentação

Dietas ricas em gordura saturada, gordura trans e colesterol podem aumentar os níveis de colesterol ruim (LDL) no sangue. As ricas em sódio (sal) podem contribuir para o aumento da pressão arterial e, se há excesso de calorias, pode levar à obesidade.
Sedentarismo e obesidade

Obesos e sedentários podem aumentar o risco de pressão alta, colesterol alto, diabetes, doenças cardíacas e derrames. As informações são do Minha Vida.