A noite era de Rogério Ceni. Aos 40 anos, o goleiro que ainda não decidiu se irá se aposentar no fim desta temporada igualou o recorde de Pelé como o jogador que mais vezes atuou por um clube no Brasil: foi a 1116ª partida do capitão no time que defende há 23 anos. No entanto, a consagração foi da Ponte Preta, que venceu por 3 a 1 no Morumbi e saiu na frente pela vaga na final da Copa Sul-Americana. A equipe de Campinas conseguiu arrancar o empate e virou a partida no segundo tempo.
O jogo começou com um fato inusitado para o atacante Luis Fabiano. Após 12 anos, ele voltou pela primeira vez ao banco de reservas do São Paulo – a última vez aconteceu em 2001, em sua primeira passagem pelo clube, na temporada de estreia. O técnico Muricy Ramalho definiu o time com Aloísio como titular do setor ofensivo, e ainda surpreendeu com a escalação do jovem Lucas Evangelista, de 18 anos, no lugar de Douglas no meio de campo.
No primeiro tempo, a equipe tricolor jogou melhor e teve mais volume. O primeiro gol do jogo foi de Paulo Henrique Ganso, que recebeu na entrada da área após boa jogada de Aloísio. O camisa 8 chutou de perna direita, a bola bateu na trave esquerda de Roberto e entrou.
Pelo lado da Ponte Preta, o atacante Rildo foi o destaque e começou a importunar o São Paulo a partir do gol que abriu o placar. Pela ponta esquerda, Rildo fez do são-paulino Paulo Miranda um dos piores em campo. Ganhou quase todas as jogadas individuais que tentou sobre o lateral direito.
Em uma dessas jogadas, Rildo serviu Uendel após passar por Denilson. O lateral esquerdo cruzou para a área de Rogério Ceni e viu o zagueiro são-paulino Antonio Carlos empurrar a bola para o próprio gol.
O São Paulo repetiu o que tem acontecido em quase todas as partidas: diminuiu drasticamente a intensidade de jogo após marcar o primeiro gol. Desta vez, porém, foi punido por isso. O gol de empate saiu em momento em que o time de Muricy Ramalho parou de atacar e resolveu tocar de um lado para o outro. As jogadas ofensivas após o primeiro gol não mais aconteceram.
No intervalo, Muricy mudou o time. Tirou Lucas Evangelista, que ocupava a ponta esquerda, e inseriu o volante Wellington, para tentar fazer mais desarmes no meio de campo e evitar os ataques adversários. Não deu certo, Wellington entrou mal, cometeu diversos erros e o São Paulo só abriu mais espaço. Nos primeiros minutos da segunda etapa, Fernando Bob finalizou, Ceni fez boa defesa, mas espalmou para dentro da pequena área. Leonardo só teve o trabalho de empurrar para o gol e consumar a virada que já era imaginada.
Muricy Ramalho tentou reverter o placar com a alteração que a torcida pediu. Desacostumado ao banco de reservas do Morumbi, Luis Fabiano foi pedido pelas arquibancadas e chamado pelo treinador. Entrou em campo, mas pouco rendeu. Apareceu bem em cabeceio, que passou próximo ao travessão de Roberto, mas novamente teve pouca participação e mostrou falta de mobilidade.
Com a vantagem no placar, a Ponte Preta do técnico Jorginho adotou postura mais cautelosa. Com poucos ataques e mais controle da posse de bola, virou dona do jogo. Em novo erro do São Paulo, aproveitou para matar o confronto da primeira semifinal da Copa Sul-Americana: Uendel, novamente, encontrou todo o espaço que precisava na defesa são-paulina, avançou, finalizou e marcou o terceiro do time visitante. No trajeto, a bola que era rasteira desviou em Wellington e enganou Rogério Ceni, na noite em que comemoraria o recorde semelhante ao de Pelé pelo Santos.
No fim da partida o São Paulo ainda perdeu chance incrível. Luis Fabiano driblou o goleiro e a zaga da Ponte Preta evitou o gol debaixo do travessão. No rebote, o camisa 9 cruzou e Welliton finalizou, para novamente a defesa da Ponte tirar o perigo da área.
Com os três gols marcados fora de casa, a Ponte Preta impõe atuação de gala ao São Paulo. Não adiantará o time de Muricy vencer o segundo jogo por 2 a 0, pois a vaga na final ainda será da Ponte Preta. O placar exige que o São Paulo vença por três gols de diferença, ou por dois gols a partir de 4 a 2. Um novo 3 a 1, desta vez para o São Paulo, levará a decisão para os pênaltis. Contra a Ponte pode pesar a ausência do goleiro Roberto, que saiu chorando de campo por conta de um problema muscular e virou dúvida para a partida de volta.
A segunda partida acontecerá na próxima quarta-feira e deverá ser jogada no Romildo Ferreira, em Mogi Mirim. O local não está confirmado após o São Paulo ter conseguido vetar a utilização do Moisés Lucarelli, em Campinas, pelo estádio não contemplar capacidade mínima para 20 mil pessoas, segundo especificado no regulamento da Conmebol para confrontos entre oitavas e semifinais das competições. Do outro lado da chave, Libertad (PAR) e Lanús (ARG) decidem quem brigará pela taça.