Na manhã desta quinta-feira (2), a primeira edição do programa Bahia No Ar (Rádio Sucesso 93.1) contou com a participação, por telefone, do professor e pré-candidato à Prefeitura de Camaçari, Sócrates Magno (Psol). De início, ele já começou pontuando sobre o cenário político na cidade, onde afirmou que existe um “esgotamento” no “projeto de poder” do “vermelho” (PT) e do “azul” (DEM).

“Nós temos, aqui em Camaçari, o esgotamento tanto do projeto de poder do vermelho quanto do azul, por assim dizer, e a população, você percebe que mais de cinquenta por cento [50%] da população a essa altura do processo eleitoral ainda não tem um candidato ou candidata para votar já consolidado. Isso demonstra esse esgotamento. Nessa votação, nossa avaliação está justamente nessa insatisfação com os caminhos que a cidade está tomando. Então, eu acredito que nós estamos ocupando um espaço que está atendendo ao anseio da população, que é de uma ruptura tanto com esse grupo vermelho quanto com esse grupo azul. A população tem observado, tem se aproximado muito dessas propostas, ao invés de um projeto de poder, um projeto efetivo de cidade, de ruptura, de uma gestão na cidade”, opina.

Na sequência, após ser questionado pelo radialista Roque Santos porque não existe uma junção da “esquerda”, tendo em vista que, tanto o Psol quanto o PT se enquadram nessa definição, Sócrates garantiu que essa questão “não é uma coisa plasmada, fixa”.

“Na verdade, a esquerda, independente de ser Camaçari ou não, não é uma coisa plasmada, fixa, não é um lado e o outro não. A esquerda, você tem diversas vertentes, diversos caminhos a serem seguidos, que caracterizam essa linha progressista. Você tem correntes que são conservadoras e outras que são progressitas. As conservadoras, são as de direita, esse termo direita e esquerda foi cunhado na França, através do parlamento, eles brigavam muito entre si dentro do parlamento, aí foi resolvido que os conservadores iriam ficar de um lado e os progressistas do outro”, frisou.

” Na linha progressista nós temos um processo civilizatório, um processo que é a sociedade tem que entender uma igualdade. Então, quem trabalha nessa linha, trabalha para que haja esse avanço na sociedade, e que haja essa igualdade social, mas, são várias formas de se pensar e de se fazer”, acrescentou.

Ainda com base nesse posicionamento, o pré-candidato ressaltou que cada partido tem suas particularidades conforme a região de atuação e que, por isso, em Camaçari, ele não enxerga a possibilidade de uma possível junção entre as duas siglas mencionadas, por exemplo.

“Além disso, existe as características de cada partido em cada município, ou seja, o PT de Camaçari é diferente do PT de Salvador. Você tem pessoas que comandam. A gente não consegue ver uma possibilidade, o PT fazendo parte dessa polarização entre vermelho e azul, que é justamente o que a população não quer, tá cansada, tá fadigada desses dois grupos, ou seja, seria incoerente a gente querer uma ruptura e querer se adaptar a esse pragmatismo”, garante.

“Quando a gente fala de esquerda e direita você tem, por exemplo, pessoas que estão hoje nesse grupo azul e que são oriundos do próprio Partido dos Trabalhadores. Você tem pessoas que estão nesse grupo vermelho e que são pessoas ‘bolsonaristas’ até, pessoas que estavam no grupo azul até pouco tempo. Então, essa nuance da política local dá essa conotoção de que a população está confudida, ou seja, ela não sabe mais diferenciar, apesar de haver uma polarização forte, a população enxerga que são grupos iguais, que são projetos de poder iguais: um querendo se manter no poder e o outro querendo voltar ao poder. Então, nós não concordamos com essa proposta, com a maneira com que o PT vem conduzindo em Camaçari, nós do Psol não concordamos com essa maneira”, complementou.

Em seguida, Sócrates voltou a falar sobre o PT e o DEM, assegurando que o esgotamento surge em decorrência, também, do tipo de “aliança” que é realizada entre esses “grupos maiores”.

“Nós estamos dispostos a caminhar sem estar vinculadao a nenhum lado, nem a um grupo nem ao outro. Nós colocamos nossas ideias. Essa fadiga vem de um tipo de aliança que é feito. Quando você faz um tipo de aliança como é feita nesses grupos maiores, o que está em jogo não é um projeto de cidade, não é um partido que quer contribuir com um projeto para saúde e o outro que tem um projeto para o esporte, por exemplo, a gente tá falando de ‘territoriarizar’ a prefeitura, ‘esse terreno aqui é meu’, ‘essa secretaria aqui é minha’, e dentro dessas secretarias não são colocadas pessoas que tenham capacitação para exercer, quem ocupa esses lugares são os ‘caciques’ dos partidos. Por exemplo, os secretários do ‘primeiro escalão’, são ‘caciques’. As assessorias também são ocupadas por pessoas que, muitas vezes, não possuem [capacitação]. Por exemplo, você tem um assessor na área de Infraestrutura que ele não tem nenhum tipo de conhecimento relacionado à Infraestrutura para assessorar, ou seja, você tem uma politização o tempo todo da prefeitura”, diz.

“A prefeitura não é um lugar hoje, não é agora, e não é a muito tempo, e acho que talvez nunca tenha sido na história recente, um lugar de gestão, mas um lugar de política. Eu costumo dizer que a campanha eleitoral de 2020 começou no dia da eleição do prefeito Elinaldo, ou seja, no outro dia a oposição já estava fazendo política eleitoral e o governo também e, até hoje, a população fica ‘a ver navios’, sem ter gente competente e comprometida com a cidade. Os arcos de alianças que são feitos é como se tivesse vendendo a alma ao diabo, não só a um, mas a vários diabos, na verdade. E, a gente acredita que a população está cansada disso. Eu como cidadão camaçariense estou muito cansado disso, por isso, nós estamos como pré-candidato”, estendeu.

Perguntado pelo radialista sobre o apoio que prestou ao ex-prefeito da cidade, Luiz Carlos Caetano (PT), durante a campanha de 2004, Sócrates afirma que não existe arrependimento pontuando, inclusive, que ele tem “muito orgulho disso, de ter acreditado que a gente iria fazer efetivamente uma ruptura”.

“Eu, em 2004, participei da campanha, da elaboração do plano de governo da campanha, e depois fomos na campanha vitoriosos, em 2004. Em 2005 assumimos, eu fiquei até o início de 2008, foram três anos e três meses, pra ser exato, e tenho muito orgulho disso, de ter acreditado que a gente iria fazer efetivamente uma ruptura a partir de 2005, na forma de fazer gestão. Eu continuo a mesma pessoas nesse aspecto de 2004, mas, infelizmente, a adminsitração não virou mais a mesma”, asseverou.

“Tive discussões dentro do partido e dentro da própria gestão, muito fortes, porque eu não acreditava mais. Então, eu não posso estar em um lugar quando eu não acredito mais, teve muita gente que permaneceu na administração e que adoeceu com isso, que se apagou. Teve pessoas que eu conheço que não querem nem ouvir falar em política e administração, porque acreditaram naquele projeto, que tinha tudo para dar certo, não apenas no aspecto político, mas na própria gestão. Nós tínhamos um plano de governo muito bom, que não foi executado, em diversos aspectos. As mesmas pessoas, os mesmos vícios, a falta de diálogo com o povo”, finalizou.

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