Na manhã desta quarta-feira (18), durante a primeira edição do programa Bahia No Ar (Rádio Sucesso 93.1), por telefone, o radialista conversou com Júlio Bonfim, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Camaçari. Ele explicou quais as medidas que estão sendo adotas em decorrência da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

“Estamos passando um momento crítico, a nível mundial, ao mesmo tempo que a gente consegue uma notícia maravilhosa aos trabalhadores, infelizmente, não podemos fazer a assembleia por recomendação da central, para não aglomerar pessoas no mesmo ambiente”, disse.

No entanto, Júlio alerta que a Ford não tem cumprido as orientações dos órgão de saúde municipal e estadual, bem como do Ministério da Saúde, levando em consideração a quantidade de pessoas que circulam no complexo muncipal.

“É contraditório o que a Ford tem feito dentro do Complexo Ford. Tivemos uma notícia muito boa, excelente, que foi a aprovação do nosso acordo, na realidade, a assembleia que foi feita em dezembro, todos os pontos que foram encaminhados de novo produto pra Camaçari foram aprovados, mais dois produtos para o ano que vem. Conseguimos garantir a estabilidade de quatro anos coletivos, isso de certa forma blinda a gente até mesmo numa possível demissão em massa que a empresa possa querer fomentar do decorrer do tempo em um cenário de crise, que já estava acontecendo no mundo e agora está intensificada pelo coronavírus. Então, a gente consegue quatro anos de estabilidade coletiva, conseguimos reajuste salarial com aumento real, estabilizamos a condição financeira dos trabalhadores. Mas, por outro lado, uma irresponsabilidade enorme por parte da Ford referente à seguir as orientações do Ministério da Saúde, do Governo do Estado, da secretaria de Saúde do Governo do Estado e até da secretaria municipal de saúde. A condição do vírus é clara, os grandes especialistas falam que o vírus tem um período de incubação de sete dias sem manifestar sintomas,  e nesse período a pessoa pode infectar outras pessoas”, destaca.

“No refeitório da Ford, se não me engano são três ou quatro refeitórios, no refeitório central, dentro do refeitório central passam em um determinado momento várias pessoas, mais de trezentas pessoas almoçando juntas, fora as pessoas almoçando em pé. São cerca de dez mil e quinhentas pessoas almoçando em diversos locais. Só na entrada um aglomerado de mais de dez mil e quinhentas pessoas, uma cidade. Não adianta a Ford dizer que está virando pratos, deixando as portas abertas para circular ar, é uma explosão de contaminação. A gente não pode fazer igual na Itália, que brincou e as pessoas continuaram trabalhando, hoje é essa realidade de tantas mortes”, salientou.

Questionado pelo radialista sobre a posição apresentada pela empresa, Júlio afirmou que eles alegam que estão tomando medidas de prevenção, a exemplo do fornecimento de álcool em gel. “Estou falando de uma empresa que tem mais de dez mil e quinhentas pessoas circulando diariamente. É uma irresponsabilidade”, assegurou.

O alerta, segundo Júlio, não é só para a Ford, mas para todas as grandes empresas. “O que estamos discutindo é a saúde pública, não só de Camaçari, mas da Bahia, do Brasil. Tivemos grandes conquistas, mas o que a gente conquistou não vale de nada se não tiver saúde”, pontuou.

Por fim, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Camaçari destacou que “se a ford não tomar uma medida com a saúde dos funcionários e a saúde pública, o sindicato vai tomar”.

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