O atual presidente do PCdoB na Bahia, deputado federal Daniel Almeida, vai continuar por mais dois anos no comando partidário, já que a eleição do diretório estadual da legenda no final de semana terá chapa única. Em entrevista ao Bahia Notícias, o comunista garantiu que vai seguir ao lado do governador Jaques Wagner (PT) e do candidato da base em 2014, mas revelou – nas entrelinhas – uma insatisfação da legenda com a política feita no Palácio de Ondina. Ele criticou o cenário que se desenha para a eleição do ano que vem e alertou os aliados de que o PT está “se afastando da esquerda” com a adesão de conservadores ao grupo.
“O PT cada vez defende menos bandeiras com essa identidade [de esquerda], mas é um partido que ainda tem esse perfil, não se afastou completamente. Contudo, se você forma chapas com uma predominância de centro e centro-direita, isso vai se diluir. Não acho que esse seja o desejo do eleitorado, que propugna por mudanças mais profundas, que foi às ruas e quer ir adiante. Um projeto político para Bahia e para o Brasil precisa ir além, acentuar esse perfil de esquerda, que acho que o PT expressa cada vez mais com menor ênfase e precisaria de aliados com esse perfil”, avaliou.
Apesar das críticas, o dirigente garantiu que a sigla “não vai opinar” sobre qualquer candidato petista, partido que acredita ter “legitimidade” para encabeçar o grupo, mas não “exclusividade”. Dentro dessa insatisfação velada, o comunista deu outro aviso: O PCdoB quer indicar um nome para a chapa majoritária e sinaliza até a possibilidade de disputar a vaga para o Senado com o vice-governador Otto Alencar (PSD), que reiteradas vezes anunciou que quer o cargo.
Questionado pelo BN se ficaria satisfeito com a indicação do vice na chapa montada por Wagner, o parlamentar foi claro ao dizer que a legenda pleiteia algo mais. “O PCdoB gostaria de indicar um nome para compor a chapa majoritária, vice ou Senado. Pode ser que se analise a possibilidade de Otto continuar como vice e ter um candidato ou até uma candidata a senadora [do PCdoB]. Por que não uma mulher? Acho que uma seria muito útil e conveniente, além de eleitoralmente indicado”, considerou. O posto pode ser da deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA), mas o presidente estadual prefere não cravar: “teríamos nomes”.
O deputado ainda garantiu ao BN que não há a possibilidade de apoiar a senadora Lídice da Mata (PSB-BA), caso ela saia candidata ao governo estadual fora da base do governador, em atendimento a um pedido do presidente nacional socialista e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que tenta viabilizar a própria candidatura a presidente da República. “Nacionalmente estamos alinhados com o palanque da reeleição da Dilma e, portanto, não seria natural que tivéssemos na Bahia em um palanque que não fosse o da Dilma. […]
Não enxergamos nenhum outro projeto na Bahia que sinalize ir adiante nos avanços que o estado conquistou que não seja neste campo atual”, pontuou o comunista, que ressaltou a qualidade da senadora e a legitimidade de que ela seja candidata.
A Conferência Estadual do PCdoB acontece no sábado (5) e domingo (6), com a participação de 12 mil filiados, do presidente nacional da sigla, Renato Rabelo, e do governador Jaques Wagner, no Hotel Fiesta, em Salvador. “Vamos debater os 10 anos do governo Lula e Dilma e a participação do PCdoB, que tem 92 anos de história e, pela primeira vez, participa do governo principal do Brasil”, ressaltou Daniel Almeida. Em novembro, os comunistas realizam a convenção nacional.
*Bahia Notícias.