Durante a abertura do Congresso Estadual do Partido Socialismo e Liberdade (PSol), que será realizado nesta sexta-feira (30), às 19hs, no Hotel Sol Barra, localizado no Porto da Barra, em Salvador, será anunciada a filiação para a sigla, de duas importantes lideranças do movimento negro baiano.
O evento irá discutir a nova composição da Diretoria Executiva e o novo Presidente que vai comandar a legenda partidária nos próximos dois anos.
Advogado, professor do curso de Direito da Universidade Federal da Bahia e da UCSAL, Ogã do Terreiro do Cobre, membro da Organização Não-Governamental AGANJU, visto como uma das principais lideranças do movimento negro baiano e importante referência acadêmica nos debates sobre relaçoes étnico-raciais no Brasil. O nome dele é Samuel Vida, ex-petista, filiado ao Partido dos Trabalhadores desde 1983, resolveu entrar para o Partido Socialismo e Liberdade devido às decepções com a política adotada pelas gestões do PT.
“Percebemos um esgotamento de qualquer possibilidade do PT atual traçar um projeto de transformação social no país. Entendo que o Governo Federal está executando uma agenda neoliberal. Infelizmente, constatamos que a administração petista perdeu totalmente o comprometimento com as pautas progressistas que representam os diversos setores dos movimentos sociais”, destaca o advogado e militante do movimento negro, Samuel Vida.
De acordo com o professor universitário, a atuação dos parlamentares do PSOL tem demonstrado o compromisso do partido com um projeto de mudança estrutural da sociedade brasileira. “ O PSOL está vocalizando as demandas dos movimentos sociais e o objetivo de mudança real do país. Os parlamentares coonseguem apontar um caminho em direção à promoção da igualdade, o respeito à diversidade e o desejo de aprofundarmos a democracia no Brasil”, enfatiza Samuel Vida.
O advogado, na condição de pesquisador das relações étnico-raciais, ressaltou que a transformação do Brasil só será possível através do combate ao racismo. “ Espero que o PSOL continue frisando a importância da luta anti-racista e reafirmando a inclusão e o protagonismo negro na política brasileira”, frisa.
Outra importante liderança que era filiada ao PT e que vai concretizar a filiação ao Psol na noite desta sexta-feira é considerada como uma das representantes na luta contra a intolerância religiosa na Bahia. Bernadete Souza Ferreira Santos, 47 anos, é yalorixá de um terreiro de candomblé, situado no município de Ilhéus, a 400 km da capital baiana, e moradora do assentamento rural Dom Helder Câmara, área federal administrada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária(INCRA). Bernadete, em outubro de 2010, foi vítima de agressões físicas e psicológicas realizadas por oito policiais militares do sul do Estado.
Na ocasião, a Polícia Militar local entrou no assentamento de forma ilegal e truculenta em busca de um possível suspeito e, ao serem questionados por Bernadete sobre a autorização judicial através do mandado de segurança para ter acesso ao assentamento haja vista que se trata de uma área federal, os policias iniciaram um processo de tortura e intolerância à religião do candomblé. Bernadete foi algemada, torturada e, ao manifestar a entidade conhecida no candomblé como “Oxossi”, os policiais alegaram que a vítima estava possuída pelo “demônio” e falaram que iriam tirar o diabo do corpo jogando-a em um formigueiro.
Após esse triste episódio, diversas instituições do movimento negro baiano entraram com ações na justiça por crime de racismo e intolerância religiosa cometido pela Polícia Militar da Bahia. A repercussão nos meios de comunicação desse caso transformou Bernadete Souza em um dos símbolos de resistência ao preconceito sofrido pelos adeptos da religiosidade de matriz africana no Brasil.