Uma história enraizada em uma infância humilde e dura. A vida do radialista Roque Santos, apresentador do Jornal da Sucesso, transmitido pela Sucesso FM (93.1), foi retratada pela colunista do jornal Tribuna da Bahia, Dina Rachid, em uma conversa emocionante de uma história que começou cedo, com uma caixa de isopor que Roque usava para vender picolé e ganhar um trocado para ajudar a família.
O gosto pelo rádio foi descoberto ainda cedo. A primeira experiência do radialista foi em sua cidade, Santo Antônio de Jesus, interior da Bahia. Foi na Rádio Clube de Santo Antônio onde Roque teve a primeira oportunidade de sentir o que é estar diante do microfone, sabendo que um grande público lhe ouvia pelos alto-falantes e radinhos de pilha – costume ainda vivo em cidades do interior.
A partir daí, o menino, que hoje tem 32 anos de idade e 14 de experiência no rádio, não parou de crescer na profissão que sempre quis seguir. Hoje, Roque ocupa um espaço conquistado durante anos de trabalho e dedicação ao que faz e ama: radiojornalismo. Seu reconhecimento notório, rendeu uma entrevista à colunista Dina Rachid. Confira na íntegra o bate-papo entre os dois.
Entrevista com a colunista Dina Rachid:
Dina Rachid – Você prefere fazer programa de cidadania ou cobertura de futebol?
Roque Santos – Olha, juro pra você que ainda não descobri (risos). Depois de 11 anos militando nas duas funções, porque quando estou no futebol fico apaixonado pelo que eu estou fazendo. Vim de uma família humilde, então conheci uma parte do Brasil fazendo futebol e certamente se eu não trabalhasse no futebol não conheceria estas cidades. Mas aí quando eu vou para a rádio Sucesso em Camaçari fico mais próximo do povo da comunidade e também adoro fazer este tipo de trabalho. É muito gratificante você ter o poder de ajudar as pessoas. Em Camaçari faço um programa onde as pessoas falam que é a ouvidoria da Região Metropolitana de Salvador. As pessoas nos procuram por tudo! Exames laboratoriais, os problemas administrativos dos municípios até carro para mudanças para São Paulo a gente é procurado. Às vezes conseguimos e outras não. São poucas as vezes que a gente não consegue ajudar a comunidade, fico chateado comigo mesmo quando sou derrotado por um problema que não consigo resolvê-lo.
DR – O que mudou no programa depois do assassinato do teu colega de programa Laércio de Souza?
RS – Olha vou falar a verdade pra você. Muita coisa mudou viu, depois que o companheiro Laércio foi assassinado. Percebi que a gente não deve só se preocupar com nós mesmos. Assim que aconteceu o fato, minha família me ligou desesperada querendo que eu saísse do rádio jornalístico ficasse apenas fazendo futebol. Ou seja, a gente às vezes está feliz com o que está fazendo, mas a família não, ela fica preocupada a todo instante. Não podemos ser egoístas e só pensar em nossa felicidade. Até pensei em parar em respeito à minha família, mas entendo também que não podemos ser covardes e em solidariedade ao companheiro falecido vou continuar fazendo meu trabalho. Se eu parasse, estaria admitindo que o crime está nos vencendo.
DR – Você tem medo?
RS – Medo não! Precaução Sim.
DR – O que o rádio significa pra você?
RS – O rádio significa tudo pra mim. Poucas pessoas sabem, mas até 1997 eu era vendedor de picolé, lanches e carregador de mercadorias na feira livre de Santo Antônio de Jesus. Às vezes não tinha dinheiro nem para comprar um pão pela manhã para tomar café. Aí minha vida foi mudando quando comecei a trabalhar no rádio. Mas não foi tão fácil porque tive momentos difíceis no rádio também e muitas vezes fui enganado, fiquei decepcionado e traído por pessoas que queriam se promover por achar em mim uma pessoa popular. Em Santo Antônio de Jesus tive muitas alegrias e a maior decepção também, pois ajudei um ‘’amigo radialista’’ se eleger vereador e depois o presente que eu ganhei foi terrível, eu estava desempregado aí meu filho ficou doente, o médico passou um remédio que custava 30 reais. Ele, o suposto amigo, foi a primeira pessoa que eu encontrei e ele trabalhou comigo na rádio por muito tempo, falei com ele assim: “Companheiro graças a Deus te encontrei e estou precisando desse remédio. Ele pegou a receita, olhou e disse ‘’rapaz o pior que na farmácia popular não tem,(Farmácia gratuita do município) e me devolveu a receita’’. Mas tudo bem, isso eu deixo pra trás, agora vida que segue e estou bem agora tenho meu carro, minha casa própria em Camaçari e tenho uma família: minha mulher amada, irmãos e filhos. Só não estou mais feliz porque minha mãe faleceu tem 4 meses.