De acordo com publicação da revista ISTOÉ, encontros entre o ministro da Casa Civil e ex-governador da Bahia, jaques Wagner (PT) com o empreiteiro Ricardo Pessoa, podem colocá-lo no centro das investigações da Operação Lava Jato.

Ainda segundo a revista, o empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, encarregou Maria de Brotas Neves, secretária executiva da empresa, de providenciar um presente para um amigo. O destinatário era o então governador da Bahia, Jaques Wagner.

Maria de Brotas encomendou três garrafas do vinho Vega Sicilia Gran Reserva 2003, a R$ 2 mil a unidade, numa distribuidora de bebidas de São Paulo, para serem retiradas em Lauro de Freitas, na Grande Salvador. Era o aniversário de Wagner. O empresário fez um bilhete de próprio punho para ser entregue com a encomenda, em que felicitava o petista por mais um ano de vida. “Meu caro governador…”, escreveu Pessoa dois anos atrás, quando era desenfreada a roubalheira envolvendo contratos da Petrobras. De lá para cá, com o avanço da Operação Lava Jato, muito se revelou sobre as estreitas ligações entre empreiteiros e políticos. Relações, de acordo com as investigações, pautadas muito mais por interesses privados do que públicos. A descoberta do Petrolão levou Pessoa para a cadeia e hoje o empreiteiro cumpre prisão domiciliar por conta de um acordo de delação premiada.

As denúncias contra o ministro chegam no momento que Wagner procura se viabilizar como uma espécie de plano B petista para a sucessão de Dilma. Lula gosta muito do ex-governador da Bahia, tido nos bastidores como bom negociador. Ele atuou como bombeiro do governo no escândalo do mensalão, esquema de compra de apoio político durante o primeiro mandato do ex-presidente. Ganhou o apelido de “Pacificador”. São qualidades de Wagner, segundo seus interlocutores, a paciência e a capacidade de conversar. O ex-governador ocupou alguns cargos no Executivo Federal. Foi ministro do Trabalho, coordenador do Conselho de Desenvolvimento Enconômico e Social até assumir, em 2005, a Secretaria de Relações Institucionais. O ex-presidente credita a ele a articulação que levou Aldo Rebelo para a Presidência da Câmara, o que contribuiu para viabilizar sua recondução ao Palácio do Planalto em 2006. Cumprida a missão, Wagner partiu para a Bahia. Venceu as eleições e se reelegeu em 2010. Conseguiu fazer o sucessor, o governador Rui Costa (PT). Ainda governador, indicou o ex-ministro e ex-deputado Mário Negromonte (PP-BA), um dos investigados na Lava Jato, para vaga vitalícia de conselheiro no Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia. Nem tomou conhecimento das suspeitas que pesavam contra o aliado. Lula queria o ex-governador na Casa Civil desde o início do segundo mandato de Dilma, mas a presidente optou por Aloizio Mercadante. Wagner ficou na pasta da Defesa. Agora, na Casa Civil, abriu o ano trocando farpas com lideranças petistas e se apresentando como principal porta-voz de Dilma, num movimento para cacifá-lo como alternativa petista ao Palácio do Planalto em 2018. Lula e de Dilma se entenderam nas últimas semanas sobre tal estratégia. Mas tem uma Operação Lava Jato em curso.

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