A violência em Simões Filho, cidade da Região Metropolitana de Salvador, mais uma vez vira destaque nos meios de comunicação. O site do Correio da Bahia traz nesta terça-feira (23) a terceira matéria sobre os mil homicídios registrados em Salvador e Região Metropolitana, onde Simões Filho lidera o crescimento. Na matéria o Delegado Antônio do Carmo fala do radialista Laércio de Souza da rádio Sucesso FM.

Segue abaixo a matéria na íntegra:

No caso específico de Simões Filho, líder na taxa de assassinatos, com 146,8 homicídios por 100 mil habitantes (veja gráfico abaixo), o delegado Antônio do Carmo reclama ainda da estrutura, dizendo que “o efetivo é irrisório para a área”, e contesta que a cidade seja, de fato, a mais violenta. “Temos território com vasta área deserta, que serve como desova. A gente conta homicídio para a gente”, assinala

O radialista Laércio Souza pensou em ajudar. Após anos ouvindo – na Rádio Sucesso FM, com sede em Camaçari – a aflição das famílias que moram em regiões sob o domínio do tráfico na Região Metropolitana de Salvador (RMS), decidiu fazer um projeto social para fornecer comida para quem não tem o que colocar na barriga. Morreu às 12h30 do dia 4 de janeiro, quando construía, com a ajuda do irmão, uma cerca em um terreno que pretendia usar como depósito, na comunidade Jardim Renatão, em Simões Filho.

Ali, o radialista ia guardar os alimentos que pretendia receber de doações. Usaria seu espaço na rádio para a causa.

“Ele ia competir em ações sociais com o tráfico. Aí é assinar a sentença de morte. Ele não pesou os riscos quando pensou em ajudar”, constata o delegado Antônio do Carmo, titular da 22ª Delegacia, no município. Laércio morreu aos 40 anos atingido por três disparos no pescoço e costas. Apenas um adolescente de 16 anos foi preso, após confessar o crime. “A gente sabe que tem, mas para pegar é mais difícil. O autor intelectual é mais complexo de pegar, porque ele fica na obscuridade”, admite o delegado.

Para a terceira matéria sobre os mil homicídios registrados em Salvador e Região Metropolitana em 2012, o CORREIO entrevistou delegados de cidades que compõem a RMS – onde a taxa de homicídios cresceu 39% este ano, com relação a 2011 – e a justificativa para o crescimento das taxas se repetiu: o acirramento na disputa por espaços entre traficantes de drogas.

No caso específico de Simões Filho, líder na taxa de assassinatos, com 146,8 homicídios por 100 mil habitantes (veja gráfico abaixo), o delegado Antônio do Carmo reclama ainda da estrutura, dizendo que “o efetivo é irrisório para a área”, e contesta que a cidade seja, de fato, a mais violenta. “Temos território com vasta área deserta, que serve como desova. A gente conta homicídio para a gente”, assinala.

Maior aumento

Em São Francisco do Conde, onde houve o maior aumento proporcional no número de homicídios (234,8%), dez das 12 mortes tiveram motivação no crime organizado. “Houve no início do ano uma série de homicídios em disputa territorial. Já apuramos todos, temos autoria definida e alguns autores já possuem mandados de prisão”, salientou o delegado Bruno Oliveira, titular da 21ª Delegacia.

Camaçari já registrou este ano 87 homicídios (taxa de 94 por 100 mil habitantes). O delegado João Rodrigo Uzzum, que assumiu a 18ª Delegacia há três meses, afirma que prioriza a investigação de crimes contra a vida. “Não há dúvidas que 90% das mortes estão relacionadas diretamente ao tráfico. Então destaquei uma delegada, quatro investigadores e um escrivão para criar um núcleo de investigação de homicídios”, explica.

Assim como o delegado de Simões Filho, Uzzum reclamou também da quantidade de policiais que são responsáveis por vigiar as ruas de 27 bairros da sede do município que tem mais de 240 mil habitantes. “Há a questão deficiência gritante do policiamento ostensivo. Você não tem como evitar qualquer crime”, pondera.

O tenente-coronel Demóstenes Luis Souza Pereira, comandante do 12º Batalhão da PM (Camaçari), minimizou o problema. “O policiamento não tem como abranger toda a cidade 24 horas em todas as localidades. Não dá para ser onipresente”, diz. Segundo ele, há sete viaturas por turno, além de motocicletas, para fazer rondas na cidade.