A gripe B (influenza B) afeta, basicamente, pessoas. Por isso, o tipo A é mais difundido na natureza e tende a causar grandes epidemias e até mesmo pandemias mundiais. No caso da B, cujo vírus evolui mais lentamente devido a menor variabilidade, o potencial de causar epidemias é pequeno. Mas isso não quer dizer que não possa iniciar um surto – principalmente quando fica muito tempo sem aparecer e depois volta com força total.

"Não é preciso ficar alarmado", diz a infectologista Nancy Belley, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "Os casos de morte por influenza B não são frequentes."

Segundo o especialista, mesmo com a chegada do inverno, e o aumento no número de gripados pelo país, o risco de sofrermos uma epidemia de gripe B é mínimo.

Vale dizer que a circulação de um vírus é sempre imprevisível porque depende do ano e do clima, entre outros fatores. "Quando um tipo específico de vírus fica muito tempo sem aparecer, tende a causar mais estragos quando volta, já que terá passado por alguma mutação e nosso organismo não está preparado para ela", afirma a infectologista Nancy Belley. "Por isso é importante estar vacinado."

Um ponto em comum: ambas podem abrir caminho para complicações graves e ocasionar pneumonia viral e bacteriana.

Tire algumas dúvidas

A influenza B é um vírus bem conhecido? Ele costuma causar surtos ou epidemias?

O vírus causador da gripe B não é tão famoso porque nunca tinha ocasionado um situação como agora, com o caso do navio. Ele não é tão frequente, porém não é raro e pode sim oferecer riscos, mas não com a força da influenza A.

Quais são os principais sintomas da gripe B?

Os sintomas são os mesmos da gripe A: o principal deles é a febre de início súbito, que ocorre de 24 a 36 horas depois que o vírus entra em contato com o sistema imunológico. Também pode haver tosse, mal-estar geral, dores de cabeça e dores musculares. Em cerca de 50% dos casos, a pessoa tem coriza. No entanto, a gripe B tem algumas complicações específicas – ainda que menos frequentes: há casos fatais de miocardite, a inflamação do miocárdio (camada que recobre o coração), que pode levar à morte súbita, e encefalites, inflamações agudas do cérebro, mais comuns em crianças e adolescentes.

Existe um grupo de risco da gripe B?

É o mesmo para qualquer tipo de gripe: crianças entre 6 meses e 2 anos de idade e idosos acima de 60 anos, que apresentam saúde mais vulnerável. Não existe um grupo específico que se sobressaia, como ocorreu na epidemia de gripe A, em que gestantes e obesos ficaram mais vulneráveis.

Qual é o tempo de incubação da gripe B?

Em geral, o corpo demora de 1 a 3 dias para dar os primeiros sinais da presença do vírus. Mas já durante a incubação, mesmo sem sintomas, a pessoa pode transmitir a doença. Estudos mostram que 25% das pessoas podem adquirir infecções quando expostas a alguém com vírus. A resposta depende do sistema imunológico de cada um.

Como tratar a gripe B?

Da mesma forma que qualquer outro tipo de gripe: muito repouso, tomar bastante líquido para hidratar o corpo e adotar uma alimentação leve, de preferência com frutas, verduras e legumes.

Pode-se usar remédios como antitérmicos ou até mesmo o tamiflu?

Como ela se assemelha a uma gripe mais comum, está liberado o uso de antitérmicos. Já o Tamiflu não deve ser ingerido porque não tem ação contra a gripe B; é um medicamento específico para o tratamento de gripe A.

Quando é hora de ir ao hospital? Quais sinais são mais preocupantes?

Se o doente apresentar febre alta e falta de ar constante por mais de dois dias, é sinal de que precisa ser avaliado por um médico. É importante também observar a tosse, se é seca ou se apresenta muita secreção. Neste caso, o risco está na secreção amarela ou esverdeada, que pode indicar uma inflamação e possível pneumonia.

Foto: Divulgação.

Quem está vacinado contra gripe A pode pegar gripe B ou já existe vacina para gripe B?

Não há uma imunização específica para essa doença. Existe apenas a vacina trivalente contra a gripe, que protege contra as influenzas A e B. Entretanto, a vacina só é efetiva se foi tomada recentemente, há menos de um ano. Os efeitos de proteção duram cerca de 6 a 8 meses. Como o vírus sofre mutações, é preciso se vacinar todo ano para garantir proteção.

Como as pessoas podem se prevenir?

A prevenção mais eficaz é a vacinação, principalmente para quem viaja muito. Ainda assim, ela não oferece 100% de eficácia, já que tudo depende do sistema imunológico de cada um. Muita gente não consegue garantir tanta proteção, pois já são mais vulneráveis, como as crianças, idosos e pessoas com problemas graves de saúde. Entretanto, especialistas de saúde afirmam que tomar a vacina faz a diferença mesmo nesses casos.

Apesar de parecer pouco, lavar as mãos sempre que chegar e sair de algum lugar é o que mais ajuda a evitar contaminações. Também é bom evitar o contato com pessoas que estejam gripadas, mesmo que não se saiba qual é o tipo de vírus. Com a chegada do inverno, surge a necessidade de ventilar bem a casa e tentar não deixar as janelas fechadas quando se está em grupo, como nas viagens de ônibus.

É verdade que a vacina pode causar gripe?

Isso é mito. A vacina trivalente não causa gripe, pois não oferece riscos e não deixa o sistema imunológico mais fraco. O que pode acontecer é que, na hora de se vacinar, coincidentemente, a pessoa estava incubando um retrovírus e inicia um processo gripal logo depois.

Há como ficar imune a esses tipos de vírus, como influenzas A e B?

Não existe imunidade total, pois não há vacina universal. Os vírus estão sempre em mutação e isso dificulta o combate. O ideal é se prevenir durante todo o ano.

Receitas caseiras, como tomar cápsulas de vitamina C ou chá de alho, funcionam?

Chás quentes, mel e outros produtos naturais ajudam a aliviar os sintomas da doença, mas não curam nenhum tipo de gripe. Já a vitamina C não é recomendada porque não tem eficácia comprovada cientificamente para evitar e ou tratar gripes e resfriados.

Usar álcool em gel ajuda a prevenir contaminações?

O efeito do álcool em gel é positivo e muito parecido com a lavagem de mãos comum, feita com água e sabão. Quando não é possível passar pela torneira, opte pelo álcool para garantir a higiene e evitar contaminações – principalmente em locais de acesso público, como metrôs e ônibus.

Quais são as diferenças entre gripe e resfriado?

A gripe é causada pelo vírus influenza e tem como primeiro sintoma a febre súbita, que surge acompanhada de cansaço físico. Em alguns casos, o paciente apresenta coriza e tosse, mas isso não é regra.

Já o resfriado é ocasionado pelo vírus do tipo rhinovirus ou coronavírus. Inicialmente, há incômodo na garganta e a pessoa começa a tossir. Também é normal ter dores no corpo, mas não são todos os casos que apresentam febre. As informações são do Estado de São Paulo.