O secretário da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Almiro Sena, recebeu nesta quarta-feira (10) o babalorixá Anderson Argolo, do terreiro Obatalandê, que acusa três policiais militares de uma abordagem truculenta, em Lauro de Freitas, na última semana. Também estiveram presentes o vereador Luiz Carlos Suica, o superintendente de Direitos Humanos, Ailton Ferreira, além de representantes religiosos.
Segundo nota da SJCDH, o secretário pediu desculpas ao babalorixá em nome do Estado. "A atitude dos policiais foi agressiva, desnecessária e desrespeitosa. Peço desculpas em nome do Estado". Ele disse que vai enviar um ofício para que o secretário da Segurança Pública, Maurício Barbosa, para mediar o diálogo entre a Corregedoria da PM e a vítima.
O babalorixá relembrou a agressão. "É doloroso viver isso. Meu pedido de Justiça não é pessoal, mas estou aqui em nome de quem vivencia isso diariamente na periferia", afirmou.
O caso
O caso aconteceu na manhã da terça-feira (2) em um estacionamento de um supermercado quando, segundo o babalorixá, ele saia com um veículo depois de pedir passagem. "Um dos carros que vinha na via me deu passagem, mas atrás deste mesmo veiculo vinha uma viatura da PM, que ao perceber a manobra, começou a buzinar de forma excessiva", diz a carta. Segundo ele, como já estava com metade do carro fora do estacionamento, ele continuou rumo a outro mercado.
No outro mercado, cerca de 50 metros do primeiro, o babalorixá diz que percebeu que estava sendo seguido pela viatura da PM, quando foi então abordado. O babalorixá conta que os policiais o abordaram com armas em punho e aos gritos, quando então um deles o pressionou para se abaixar, inclinando seu corpo. Anderson disse ao PM que tinha passado por uma cirurgia na semana anterior e sofre de problemas renais, pedindo cuidado, quando então o policial o pegou pelo pescoço e esfregou o rosto no capô do veículo, mandando que ele só falasse diante de alguma pergunta.
O babalorixá estava acompanhando de dois filhos de santo, Alison e Ricardo, que também foram tratados de maneira desrespeitosa, segundo a denúncia. Os PMs ironizaram quando eles se disseram trabalhadores, ainda que desempregados, e perguntaram qual o vulgo dos dois. O babalorixá disse que eles não tinham vulgos, e sim nomes, e segundo ele nesse momento um terceiro PM encostou uma arma em seu rosto e mandou que ele parasse de falar, pois tinha desacatado um policial.
"Não tenho palavras para descrever o que senti e o que estou sentindo nesse momento. Nunca passei por tamanho constrangimento. Vi nos olhos das pessoas simples, dos comerciantes que me conheciam a revolta e o medo para com aqueles que em tese, estão ali para nos defender", diz o texto da carta, divulgado pelo Facebook.
O caso foi citado nesta segunda-feira (8) na Câmara dos Vereadores pelo vereador Luiz Carlos Suíca (PT), que repudiou as agressões e informou que enviou um ofício exigindo apuração e esclarecimentos para o comandante-geral da PM, coronel Alfredo Castro, e ao secretário estadual de Segurança Pública, Maurício Barbosa.
Procurada, a Polícia Militar disse que o caso já está sendo apurado desde o dia 2, quando o babalorixá foi recebido pelo comandante da 81ª Companhia Independente de Policia Militar, de onde são os policiais acusados, e deu suas declarações. Uma sindicância sobre o caso foi instaurada. Fonte: Correio