O uniforme que veste agora tem outras cores. Em uma semana, ficou o vermelho, mas o azul e branco foram substituídos pelo preto. Novas cores e nova casa. Mansur já não faz a bola rolar nos gramados do Fazendão.

Desde segunda passada, ele figura nos campos de treinamento da Toca. E por lá anda entocado.Por enquanto, a imprensa não pode acompanhar o treinamento do jogador e nem mesmo se aproximar dele. Fortemente blindado pelo Vitória, Mansur foi proibido de dar entrevista até segunda ordem. Toda essa incomum proteção é reflexo de uma história envolvendo a dupla Ba-Vi e protagonizada pelo lateral-esquerdo de 18 anos.

No último dia 3, às vésperas de viajar para defender o Bahia na Copa São Paulo de Futebol Júnior, Mansur deixou a concentração tricolor e não voltou mais. Uma liminar concedida pela Justiça do Trabalho permitia que o jogador se desligasse do clube, apesar de ter contrato até junho.

Os empresários do atleta, Jessé Carvalho e Sandro Vasconcelos, haviam dado entrada numa ação alegando não pagamento de salários, férias, décimo terceiro e falta de recolhimento de INSS e FGTS.

O problema estourou este ano, mas começou a ser desenhado no final de 2011. De acordo com Jessé, Mansur passou a ser assediado por um empresário do Sul do país. A proposta para mudar de clube envolvia um salário aproximadamente cinco vezes maior do que o que ele recebia no Bahia e um alto valor de luvas para adquirir 70% de seus direitos econômicos.

“Eu, como empresário, não tenho como esconder do jogador essa proposta e estabilidade. Mas não foi nada como eles estão dizendo, roubado. Mansur disse que ficaria no Bahia, mas que o clube teria que valorizar ele. A proposta foi passada ao Bahia através de (Newton) Mota e ele disse que não cobriria, que o jogador não interessava e que eu podia levá-lo”.

Vitória Ainda segundo Jessé, apesar da proposta ser considerada muito boa, eles não queriam que Mansur fosse morar longe de Salvador e decidiram procurar o Vitória. “Procuramos e eles cobriram a proposta. O Inter e o Santos também queriam o jogador, mas a intenção de ficar no Vitória foi nossa. Aqui a gente está sempre orientando o jogador. Tem três anos que o Vitória não atrasa salário e isso motivou”, disse Jessé, que também é empresário de jogadores como Madson, Vander e Marcone.

Mansur fechou com o Vitória por quatro anos. O diretor das divisões de base do Bahia, Newton Mota, apresenta uma versão diferente. “O cara é titular do time júnior, como não interessa? Ele tá querendo justificar. A negociação com o Bahia começou em outubro e Sandro protelou propositadamente. Disse que veio aqui quatro vezes e eu não atendi. É mentira. Foi tudo feito na calada. Quando a pessoa está de má fé, fica futucando”.

VACILO Fato é que o contrato só foi quebrado com seis meses de antecedência porque o Bahia estava desprotegido. O não cumprimento de alguns deveres abriu brecha que resultou na perda de um atleta criado no clube.