Quem passa pela Praça da Bíblia, no Centro de Simões Filho, se depara com uma construção branca desativada que, há muito tempo atrás, costumava ser o Espaço Cultural Irmão Antônio Inocêncio da Rocha. No último sábado (28), artistas formaram uma fila em frente ao local, como quem espera que algum evento comece. O ato de protesto teve como objetivo reivindicar a reabertura do aparelho público.

A ação foi realizada pelo grupo de arte contemporânea GIA, em parceria com Augusto Leal, um artista visual simõesfilhense que vem alertando a população para a falta de fomento à cultura na cidade. Cartazes também foram espalhados pelas ruas, convidando os munícipes a comparecerem ao centro.

“O espaço cultural, o único que tínhamos, foi fechado em 2014 para uma reforma, e nunca mais foi entregue à população, aos artistas. Hoje está em ruínas e parece sofrer um processo de apagamento, de silenciamento. Desde o início desse ano comecei a realizar algumas ações artísticas no espaço para interferir nesse processo”, Augusto conta.

Em fevereiro, o artista pintou um alvo de três metros no antigo Espaço Cultural, a fim de simbolizar a política de destruição e silenciamento da qual este vem sendo alvo. Segundo Augusto Leal, outras intervenções estão sendo planejadas, a fim de provocar reflexões e ampliar o debate público em torno do assunto.

“Quantos artistas desistiram nessa caminhada em virtude da escassez de oportunidades na cidade? Quantos outros migraram para outros locais em busca da realização de seus sonhos? Ou quantos pessoas deixaram de vivenciar uma expressão artística que poderia ser transformadora em suas vidas? Esses são alguns efeitos que a ausência de espaço cultural público, vivo, na cidade provoca”, o designer conclui.

O Bahia No Ar entrou em contato com a Secretaria Municipal de Cultura (Secult), visando questionar se há algum destino previsto para o Espaço Cultural Irmão Antônio Inocêncio da Rocha e aguarda retorno.

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