Na noite desta quarta-feira (27) o radialista Roque Santos, ao longo do programa ‘Conectados’ (transmitido pelas redes sociais do BNA) conversou, por videoconferência, com um morador de Simões Filho que foi diagnosticado com o novo coronavírus (Covid-19); ele já não apresenta mais sintomas, mas segue a quarentena de quatorze dias recomendada pelos órgão de saúde, tendo em vista que ele ainda pode ser um paciente transmissor. No entanto, além do drama de ter vivido os sintomas agressivos da enfermidade, Manoel Hélio de Jesus Santana ainda enfrenta o luto de ter pedido a mãe, que tinha 88 anos, para a doença.

Segundo Manoel, houve lentidão dos profissionais de saúde no diagnóstico dele para Covid-19. Ele contou que o exame só foi solicitado após cinco idas em diferentes unidades de saúde e, sobretudo, depois que a mãe dele testou positivo para o novo coronavírus. Hélio acredita que a idosa acabou sendo infectada por ele, tendo em vista a demora na confirmação dele, que começou a manifestar sintomas muito antes que a matriarca.

“Eu tive uma chikunguya. Primeiro me deu uma dor de garganta, achei que era uma coisa normal. No outro dia, tive uma febre muito forte, fui na UPA, me deram um remédio e mandaram pra casa. Aí, continuou a febre, continuou as dores no corpo, aí voltei de novo na UPA, me deram outro remédio e mandaram pra casa. Na terceira vez eu fui aqui no Hospital [Municipal] de Simões Filho e colheram meu sangue, me deram remédio e disseram que eu não tinha nada, aí eu vim pra casa de novo. Já a terceira vez. Fiquei muito doente, meu filho veio e me levou na MG, aí , lá, descobriram, disseram que era a chigunguya, aí me deram remédio, vim pra casa”, começa o relato.

“Só que nesse meio tempo, minha mãe ficou doente. E o que eu tive não era chikungunya, já era Covid. Aí, minha mãe ficou doente, ficou com os mesmos sintomas que eu tava. Muita febre, dor de cabeça. Aí, resolvi levar ela no hospital, chegou no hospital fizeram exame de sangue nela e ficou constatado que ela estava com Covid. Aí, quando ficou constatado nela, disseram que todo mundo tinha que fazer o exame. Meu filho não tinha sintoma nenhum, meu sobrinho tinha poucos sintomas e meu cunhado, não fez o teste, só eu. Aí fui na sala do médico, ele perguntou o que era que eu tinha, falei que tive uma chikungunya. Aí falei os sintomas, dor de cabeça, tive febre, muito frio, dor no corpo e falei também que tudo que comia ia pro banheiro. Aí, ele mandou fazer o exame, fiz o exame e deu Covid”, acrescentou Hélio.

“Se na primeira vez que eu fui na UPA tivessem feito o exame eu saberia que tava com Covid, aí teria me isolado totalmente, só que disseram que era uma chikungunya e mandaram pra casa”, lamenta.

Questionado se, mesmo com o boletim médico dizendo que ele tinha chikungunya, ele pensava ser Covid-19, Manoel pontuou que “no fundo” acreditava sim que tinha sido infectado pelo vírus.

“No fundo, eu pensava que seria Covid. Mas, toda vez que eu ia no médico me falava que não era, os profissionais que deveriam me orientar, me conscientizar que era Covid diziam que não era, que era uma simples chikungunya”.

Manoel também falou sobre a relação com a mãe e o sofrimento em não poder ter dado o “último adeus”.

“É duro ver sua mãe no caixão, enrrolada com filme e quatro pessoas levando pro cemitério, é muito doloroso. Vivi com minha mãe cinquenta e seis [56] anos, eu cuidava dela, e o último adeus não pude dá. Todo mundo saiu de casa, construiu família e minha mãe continuou morando comigo, só a morte nos separou”, desabafou.

O óbito da mãe de Manoel foi registrado por volta das 10h da manhã do sábado (23), e o supultamento ocorreu em torno das 17h30, do mesmo dia, seguindo todas as determinações recomendadas pelo Ministério da Saúde.

Acompanhamento

Agora, Hélio disse que tem recebido acompanhamento diário, por meio de ligações, de distintos órgãos de saúde municipais, bem como estadual.

“Já estou recuperado, mas tem deixar passar os quatorze [14] dias, que vence sábado [30 de maio], salientou.”Estão me acompanhando pra saber como estou”, complementa.

Sobre os sintomas, ele revelou que os piores foram “dor de cabeça, febre e desenteria [diarreia]”. E, em relação a possível existência de preconceito, após ter sido diagnósticado com o novo coronavírus, ele relatou:

“Eu só vou ter esse contato aí quando sair realmente da quarentena. Mas, pelo que estou vendo, tem rejeição, até mesmo da família, ninguém quer pegar essa doença, que é muito grave, a gente só pensa na morte. Meus familiares não estão vindo aqui”.

Assista clicando aqui a entrevista completa de Manoel Hélio.

Casos em Simões Filho

De acordo com o último boletim da Secretaria de Saúde de Simões Filho, o município já soma 147 casos confirmados da Covid-19 e 8 óbitos. Do total de infectados, 48 pessoas já estão recuperadas da doença. Veja boletim completo aqui.

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