O governo Chinês e o presidente americano, Donald Trump travaram uma disputa comercial entre EUA e China por conta de um dos principais produtos agrícolas brasileiros: a soja. Em retaliação à alta de tarifas sobre bens industrializados da China, o governo de Xi Jinping passou a tributar em 25% diversos produtos agrícolas americanos, entre eles a soja.

Entretanto, a soja brasileira foi beneficiada, pelo menos a curto prazo. Como o grão americano ficou mais caro, a China substituiu as compras dos EUA pelo produto do Brasil. Com isso, o país se tornou o maior exportador de soja para China – e do mundo – ultrapassando os EUA.

De acordo com uma reportagem da emissora CNN, Donald Trump estaria bastante “insatisfeito” com a China por causa da substituição da importação de soja americana pela brasileira. As informações são do G1.

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Segundo Fabrizio Panzini, gerente de Negociações Internacionais da CNI, a guerra comercial teria começado a mais de um ano, em março de 2018. Porém, em 2019 ela teria ganhado maior proporção.

“A guerra comercial teve início em março de 2018 e, em 2019, houve um aprofundamento da disputa, com aumento de tarifas sobre os mesmos produtos chineses e americanos”, contou Panzini em entrevista à BBC News Brasil.

Em 2018, o primeiro ano da guerra comercial, as exportações brasileiras para a China cresceram em aproximadamente 35% na comparação com o ano de 2017, gerando uma balança comercial positiva para o Brasil em US$ 30 bilhões.

Em 2018 o Brasil exportou US$ 7 bilhões a mais em soja para a China. No primeiro semestre deste ano, houve queda em comparação com o ano passado, mas produtores esperam aumentar as vendas com o acirramento da guerra comercial.

Contudo, apesar dos mostrarem que o Brasil vendeu menos que em 2018, o país continua a ser o principal parceiro comercial da China na venda de soja. E o baque da perda de protagonismo não está sendo fácil de absorver nos Estados Unidos.

O Departamento de Agricultura dos EUA estima que o setor de exportação de grãos vai precisar de pelo menos cinco anos para voltar a obter resultados como os de 2017.

O acordo que prejudicaria produção brasileira

Uma das condições de Trump para negociar a retirada de tarifas sobre produtos chineses era a China passar a comprar mais produtos agrícolas americanos.

O acordo que ele tentava empurrar para Xi Jinping previa um aumento das importações de grãos e alimentos dos EUA a patamares maiores que os anteriores à guerra comercial – o que prejudicaria outros exportadores de commodities, como o Brasil.

Mas, até agora, o presidente americano não conseguiu arrancar esse compromisso e tem respondido com aumentos adicionais de tarifas.

Brasil se aproximou significativamente dos EUA na gestão Bolsonaro, mas Trump não é reconhecido por fazer grandes concessões a aliados quando o que está em jogo é o interesse comercial do seu país

 

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