Ele fez dois gols, mas foi xingado e vaiado na estreia diante da torcida, no Barradão. Nem a goleada por 6×1 no Juazeiro aliviou. Revelado no Vitória, Uelliton se tornou alvo de parte dos rubro-negros principalmente após declarar que gostaria de deixar o clube. Aos 24 anos, nove passados na Toca, o volante, com contrato até dezembro, se sente injustiçado. Em entrevista, ele contou que tem evitado sair de casa e que já esperava a rejeição. Falou também das sondagens de outros clubes e disse que a rivalidade não o impediria de vestir a camisa do Bahia.

Pra quem você dedicou os gols que fez contra o Juazeiro?

Pra minha mãe, meu pai e meus filhos Enzo Gabriel, 1 ano, e Evelin Vitória, 7 meses.

Toninho Cerezo te deu mais liberdade pra soltar o pé?

Ele vem sempre conversando comigo e com Mineiro. Sempre nos dá liberdade pra jogar no ataque, sem abandonar a defesa. Ontem (domingo), ele pediu pra que eu e Mineiro chegássemos na frente e acabei fazendo dois gols.

O que te inspirou no jogo?

A vontade de vencer sempre. Não só eu, mas todo o grupo vem se empenhando e ajudando um ao outro, principalmente me ajudando, pois eles sabem que eu tenho problemas com a torcida.

A sua comemoração não foi tão vibrante como de costume. Reflexo do momento delicado?

Com certeza. Sempre comemorei meus gols com a torcida. Ontem (domingo), a torcida me xingou e vaiou bastante. Isso vem de cada torcedor, mas tem que respeitar o atleta. Comemorei muito com os jogadores, o grupo todo gosta de mim.

Como se sentiu ao ser vaiado antes do jogo e após sair?

Estava ouvindo comentários que iria ter faixa. No ano passado já tinha faixa. Eu estava bem consciente do que iria acontecer. Tenho que dar satisfação a quem me paga e quem joga comigo, não à torcida. Independentemente de ter feito dois gols, a torcida está chateada comigo, porque eu pedi pra sair. Nada que vá me abalar. Tenho que esquecer as vaias e os aplausos.

A opinião da torcida já não te importa mais?

A de alguns torcedores sim, de outros não. Dos torcedores que só querem o mal, não. Eles não entendem que passei nove anos no clube, tive propostas e não fui valorizado.

Faltou uma maior valorização da diretoria nos últimos anos?

Acho que faltou atitude de ter me vendido logo. Foram propostas boas, mas o Vitória, como sempre, queria muito e isso dificultou minha saída.

Tem recebido críticas na rua?

Não, na rua até que não, até porque eu não tô nem saindo direito por conta disso. Tô evitando ao máximo.

Mas você chegou a receber alguma ameaça de torcedor?

Eu recebo ligação direto, com torcedor me xingando, mas nada de me ameaçar.

Pedir pra sair foi mesmo o que abalou a relação com a torcida?

Foi mais isso de ter pedido pra sair mesmo. Também comentaram que eu queria ir pro Bahia. Não disse isso. O que eu disse é que daqui a uns dias vão comentar que eu vou pro Bahia. Não falei que iria.

E se o Bahia te fizesse uma proposta, você toparia jogar lá?

Rapaz, se eu não tiver mais contrato com o Vitória, sim. A rivalidade atrapalha um pouco, mas o jogador tem que ser profissional, tem que ganhar o pão de cada dia. Mas eu pretendo sair daqui da Bahia, meu desejo é sair daqui e ir lá pro lado do Sul.

Chegou a hora de mudar?

Agora, pra ser sincero, quero cumprir meu contrato, sair de cabeça erguida e deixar o Vitória na primeira divisão.

Teve proposta de outro time?

Não propostas, mas sim sondagens. Do Inter, por exemplo. Dorival sempre gostou de mim. Teve sondagem também do Atlético-MG e agora surgiu boato do Atlético-GO.

O Atlético-GO seria uma boa?

Seria, mas tenho que cumprir meu contrato e dar o meu máximo pra que no ano que vem eu possa estar em um clube grande, clube de massa.

Existe alguma chance de você renovar com o Vitória?

Não, nenhuma. Não é nem pelo clube, é pelo que eu venho passando com a torcida. Quando a torcida pede a saída é porque o jogador não tá mais satisfazendo. Pelo que eu fiz pelo Vitória, teria que ter mais respeito. Já que não tem mais respeito, eu tenho que sair, mas tem que dar pra aguentar até o final do ano.