Há exatamente um mês 129 pessoas, entre elas passageiros e tripulantes, embarcavam no Catamarã Cavalo Marinho II, saindo de Mar Grande, município de Vera Cruz, em direção a Salvador. Eram 6h30 da manhã de 24 de agosto deste ano, quando partiram. No entanto, 20 dessas pessoas jamais chegaram ao seu destino. Naquele dia, os sites de notícias, os jornais, todo pararam para ver uma das maiores tragédias da Baía de Todos os Santos: 19 pessoas morreram e uma está até hoje (24/09) desaparecida.

A embarcação Cavalo Marinho I virou 10 minutos após sair do Terminal Náutico de Vera Cruz. Moradores ajudaram a resgatar passageiros que estavam se afogando, com barcos de pesca. Curiosos ficaram à beira da praia aguardando que outras pessoas fossem resgatadas. Algumas pessoas conseguiram se salvar porque voltaram nadando para Mar Grande. Os passageiros tiveram dificuldade para conseguir usar os coletes salva-vidas que tinham na embarcação porque eles estavam amarrados. Segundo relato de sobreviventes, o resgate chegou apenas duas horas após o acidente.

A Marinha confirmou que 19 pessoas morreram e uma adolescente de 12 continua desaparecida. A maior parte dos passageiros que estavam na Cavalo Marinho I faziam a travessia todos os dias para trabalhar ou estudar, como a estudante de enfermagem Lais Pita Trindade, 20. Outros passageiros iam para consultas médicas em Salvador, como a idosa Maria do Socorro, 65, que fraturou a perna no acidente.
“Para subir na embarcação, tive que sair pisando nos corpos. Tinham vários corpos boiando perto de mim. Foram vários mortos. Foi terrível. Olhar para trás e não ver perspectiva nenhuma de vida”, Maria do Socorro, sobrevivente.

Após ter ficado parada por cinco dias, a travessia foi retomada e desde lá houve um evento que inspirou maior segurança e interrompeu o serviço. No quesito segurança, no primeiro dia de volta da travessia, um funcionário fez a demonstração de como usar os coletes salva-vidas, mas já no dia 28 de agosto o Correio noticiou que as viagens voltaram a ser festas sem nenhuma instrução de uso do equipamento.

Muitas famílias e amigos foram para o mar socorrer as vítimas.

Investigação

Hoje, o Correio noticiou que o delegado vai pedir mais 30 dias para investigar o caso, que deveria ter inquérito. Duas investigações, uma comandada pela Marinha e outra pela Polícia Civil, apuram o acidente com a lancha Cavalo Marinho I, na Baía de Todos os Santos, ocorrido na última quinta-feira (24). Tanto a Agerba (Agência de Regulação do Estado da Bahia) quanto a empresa que administra a embarcação estão sendo investigadas.

Responsável pelo inquérito criminal, a Polícia Civil deve concluir suas investigações em até 90 dias – prazo inicial de 60 dias, prorrogáveis por mais 30. Nesta segunda, o dono da CL Transporte Marítimo, empresa proprietária da lancha, prestou depoimento aos investigadores. O CORREIO esteve no endereço de uma das sócias da empresa, na Pituba, na tarde desta segunda, mas ela não foi encontrada. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), a polícia já ouviu 101 pessoas envolvidas no acidente.

A Capitania dos Portos da Bahia (CPBA), responsável pela investigação administrativa, também instaurou um inquérito para verificar as causas, circunstâncias e responsabilidades pelo acidente, que deixou, pelo menos, 19 pessoas mortas, na última quinta-feira (24). Ao longo do procedimento, segundo a assessoria da Marinha, serão realizadas perícias e ouvidas testemunhas, tripulantes, proprietários e passageiros da embarcação.

Uma dessas perícias foi feita na embarcação nesta segunda. A coleta de informações e análises foram realizadas junto com os peritos da Diretoria de Portos e Costas (DPC), que vieram do Rio de Janeiro.

O delegado Ricardo Amorim, responsável pela investigação do naufrágio da embarcação Cavalo Marinho I, na Baía de Todos os Santos, vai pedir a prorrogação do prazo por mais 30 dias para concluir o inquérito. A investigação deveria ser concluída nesse domingo (24), quando a tragédia, que deixou 19 pessoas mortas, completa um mês. “O inquérito não foi concluído por conta da complexidade do caso”, diz Amorim.

De acordo com ele, até agora cerca de 130 pessoas já foram ouvidas. “A maioria dos depoimentos foi de vítimas, ou seja, sobreviventes da tragédia. A gente vai ouvir mais pessoas até chegar ao contexto de como ocorreu o acidente”, completou ele. Testemunhas, tripulantes e os donos das empresas que fazem a travessia Salvador-Mar Grande também já prestaram depoimentos. Para não atrapalhar as investigações, o delegado preferiu não informar o nome das pessoas que ainda serão ouvidas.

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