Uma mistura de luta, esperança e muita fé, assim pode ser definida a história de Marinalva Vencedora, como a própria gosta de ser chamada. Ela enfrenta pela terceira vez o câncer de mama, e na noite de ontem (8) participou da exposição fotográfica “Impactar para Salvar”, idealizada pela jornalista Carluze Barper. A exposição trouxe fotografias de cinco mulheres camaçarienses, entre elas a Marinalva, que passaram pelo processo de mastectomia – cirurgia que consiste na excisão ou remoção completa da mama, em prol da cura e/ou tratamento da doença.

Marinalva, sempre sorridente e transmitindo uma religiosidade de tamanho indefinível, contou que a descoberta do primeiro nódulo maligno aconteceu no ano de 2012, através de uma medida preventiva: o autoexame.

“No ano de 2012 eu estava trabalhando fora da Bahia como técnica de enfermagem e sempre tive o hábito de me auto-examinar. Em um desses autoexames foi detectado o primeiro nódulo palpável no mamilo. Aí eu vim pra Bahia de férias e nesse processo das férias eu fui fazer os exames, nesse tempo foi dectado que eu tive mais quatro tumores, sendo cinco tumores no total e aí fiz a mastectomia do lado direito, na mama direita. Fiz também a quimioterapia”, conta.

Para não esmorecer, ela conta que o seu combustível (a fé) foi e continua sendo a sua motivação para seguir lutando pela vida.

“No meu caso, eu me agarrei muito com minha fé porque eu sou cristã. A fé sempre foi minha base, permanece sendo”, ressaltou. Nesse momento, com a voz um tanto embargada, ela relatou como foi a descoberta da volta da doença pela segunda vez.

“Em 2015, quando eu achei que tudo já tinha terminado, eu tive a primeira recidiva, que significa a volta da doença no local onde retirei a mama. Dessa vez voltou na pele. Aí eu fiz em 2015 uma nova cirurgia, fiz radioterapia e continuei com o tratamento de hormonioterapia, porque no meu caso o tumor se alimenta de estrógeno que as mulheres produzem em suas mamas. Dei sequência aos acompanhamentos, que são semestrais, porém mais uma vez a medicação oral não foi suficiente para bloquear esses hormônios”, explicou. E continuou, “agora no mês de junho de 2019 foi detectado o terceiro nódulo, também no plastrão torácico, local que foi retirado a mama”.

Marinalva segue em tratamento e já passou por duas cirurgias.

“Fiz duas cirurgias com doutor Rodrigo Barata [médico mastologista que participou do lançamento da exposição], e atualmente eu fiz já a primeira sessão de ‘quimio’, no dia 24 de setembro. Permaneço em tratamento”, relata.

Sempre confiante e com o sorriso de volta aos lábios, ela destaca que mesmo passando novamente pelos sintomas provenientes do tratamento de quimioterapia, a exemplo da queda de cabelo, Marinalva ressalva que “cada caso é um caso, é um momento novo”.

Ela também lembra que acredita que “todos nós temos uma missão aqui, eu creio que nesse momento essa é minha missão, passar para outras mulheres que o câncer ele não é o fim, pra mim, dentro desse processo, foi o recomeço”, sinaliza.

Sobre a exposição

Sobre a participação na exposição promovida pela jornalista Carluze Barper, Marinalva destacou que sentia necessidade de alguma ação voltada, sobretudo as mulheres que enfrentaram ou enfrentam o tratamento do câncer de mama.

“Na verdade há muito tempo que eu analisava que deveria ter alguém que se mobilizasse dentro da cidade de Camaçari pra fazer ações, melhorando a recuperação dos pacientes que estão passando por tratamento oncológico, principalmente aqueles que se tratam pelo Sistema Único de Saúde [SUS]. Descobri Carluze através das redes sociais, de um vídeo que ela postou falando do processo que a mãe dela também enfrentou [o tratamento do câncer de mama]. Aí eu coloquei que era paciente oncológica e Deus fez essa aliança e aí abracei o projeto junto com mais quatro colegas que já passaram pelo processo, mas também estão em tratamento”, pontua.

“Aí eu sugeri a ela [Carluze] dentro do Projeto Vencer, que é o projeto que ela criou, que a gente fizesse a exposição fotográfica ‘Impactar para salvar’. Afinal, o objetivo é que outras mulheres visualizem as cicatrizes que essa doença deixa não só na parte física mas, muitas vezes, na parte espiritual e psíquica das pacientes. Aquelas que já passaram pela mastectomia vão saber que não estão sozinhas. E para quem não tem a doença, além de conhecimento, vai estimular a empatia”, diz.

Por fim, Marinalva faz um balanço reflexivo de sua participação na ação.

“Contar minha história para outras mulheres é dizer que o processo é doloroso, a nossa batalha é diária, o nosso outubro rosa são todos os dias, mas a gente está dizendo também que vale a pena viver, vale a pena lutar e o melhor, se prevenir. Eu acho que a função mais importante é a prevenção”, finaliza.

O Bahia No Ar segue abraçando essa causa através da informação, convidando não só as mulheres, tendo em vista que o câncer de mama também pode atingir homens (1%), mas toda sociedade, para seguir se amando, se cuidando e prevenindo-se.

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