O uso do telefone público parece ter saído de moda há muito tempo. Hoje em dia, encontrar um orelhão que funcione perfeitamente é quase como ganhar na loteria. Em várias partes do centro de Camaçari, os telefones públicos que ainda existem estão fora de funcionamento. Mas os grandes causadores dessa realidade são o vandalismo e a popularização do celular.

Nunca vi um lugar tão difícil de achar um telefone público em boas condições de uso.Nilsa Alves

Apesar de não representarem gasto público – já que é responsabilidade da concessionária Oi o reparo ou troca dos aparelhos – a ausência do serviço pode fazer muita falta em casos de emergência. Alvo do vandalismo ou por falta de manutenção, boa parte dos telefones não estão operando normalmente, como afirma Nilsa Alves, que veio a Camaçari visitar um parente e demorou a achar um telefone em perfeitas condições de uso. “Nunca vi um lugar tão difícil de achar um telefone público em boas condições de uso”, diz.

A venda de cartões telefônicos também já não é mais comum. Logo quando o cartão telefônico foi lançado, comerciantes vendiam os cartões que substituíram as famosas fichas telefônicas. Porém, com o passar do tempo, o cartão foi perdendo espaço com a popularização do telefone móvel. O gerente de uma loja de eletrônicos em Camaçari disse que chega a vender por dia cerca de 15 aparelhos. “Tem dias que saem até 15 celulares aqui”.

Relegado ao esquecimento, a desvalorização do cartão telefônico deixou a vendedora Janete Farias na mão. “Eu vendo cachorro quente, mas aproveitava para alugar as unidades do cartão, agora não conto mais com esse trocadinho que era pouco, mas servia”, conta.

Os números da depredação são assustadores. De acordo com a concessionária OI, em 2010, aproximadamente 74 mil orelhões foram alvo do vandalismo em todo o estado. Roubos de leitoras de cartões, monofones e teclados são os principais motivos da destruição em massa.As campânulas (cobertura dos telefones) não escapam da ação dos destruidores, cerca de 800 são danificadas a cada mês.

Por Henrique da Mata