A fonte dos boatos de arrastão e arrombamento não é tão certa quanto o reflexo que têm causado: comércios de portas fechadas ou semiabertos em bairros periféricos de Salvador. Desde o final da manhã, a informação de que assaltos e arrastões em bairros vizinhos tinham acontecido levou vários comerciantes a interromper as atividades. No centro da cidade, como na Avenida Sete, pouco movimento, mas portas abertas.
Os boatos refrescam a memória de quem viu realmente colegas tendo grandes prejuízos com arrombamento, saques e vandalismo em suas lojas no fim de semana.
“Estão dizendo que teve assalto em Castelo Branco e na Boca da Mata. Estamos fechando as portas, até porque não adianta permanecer aberto com as ruas vazias”, contou no meio da tarde uma funcionária de uma bomboniere em Águas Claras, que preferiu não se identificar.
Em Castelo Branco e na Boca do Rio, após a tomada de ônibus por manifestantes nessas regiões, os lojistas voltaram mais cedo para casa. Já em Fazenda Grande do Retiro e em Plataforma, supermercados de médio e grande portes abriram apenas uma das portas por medida de segurança.
Mapa da violência
Na Liberdade, correram boatos de que homens encapuzados intimidavam a população próximo à Feira do Japão. No local, porém, ninguém os viu. No bairro, as grandes lojas de eletrodomésticos permaneceram fechadas e feirantes, assustados, mas persistentes em tentar minimizar os prejuízos causados pelo pouquíssimo movimento de clientes nos últimos dias.
Para Carlos Augusto, presidente da Associação dos Dirigentes Empresariais da Liberdade, a força-tarefa montada pelo governo precisa aparecer nas ruas da Liberdade. “Esqueceram desse bairro. Estamos no suspense, que pode ser percebido pelos tapumes que os lojistas têm colocado para proteger as lojas. Estão colocando os homens onde não tem nada”, reclama Carlos Augusto, reivindicando a presença das Forças Armadas e Força Nacional de Segurança , além dos PMs que não participam do movimento.
Segurança cara
Os comerciantes da Rua Direta da Mata Escura preferiram reforçar a segurança privada para seguir funcionando. E segundo eles, o movimento está como se não houvesse greve.
“Na sexta-feira, por pouco o mercado não foi assaltado. Os caras já estavam com tudo dentro da sacola, quando o segurança atirou para o alto e eles correram. Com a greve, tivemos que reforçar e estamos pagando seguranças, e caro, para manter aberto”, conta a comerciante Luciana. Na Mata Escura, apenas o supermercado Todo Dia ficou de portas fechadas ontem.