Após quatro anos de obras, a Via Expressa Baía de Todos-os-Santos será inaugurada na sexta-feira (1º), em Salvador, com a presença da presidente Dilma Rousseff. Orçada em R$ 480 milhões, os 3,2 km divididos entre nove pistas, quatro túneis e 12 elevados irão ligar a BR-324 ao Porto de Salvador. A estimativa é que a via seja liberada para o tráfego normal de veículos no turno da tarde.
Segundo o governo do estado, a obra é considerada a maior intervenção viária depois da construção da Avenida Paralela. "É a maior intervenção urbana nos últimos 30 anos, onde a gente vai melhorar a mobilidade de diversos trechos, principalmente eliminando os caminhões que vão com carga pelas avenidas Bonocô e San Martin até o porto" explica Cícero Monteiro, secretário de Desenvolvimento Urbano do estado. A estimativa, segundo Monteiro, é que cerca de 2500 caminhões passem pela via diariamente.
Para Elmo Felzemburg, especialista em trânsito e transporte e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) que participou dos primeiros planejamentos da obra, no final dos anos 90, a via "é uma conquista", mas há pontos a serem discutidos.
"Essa obra, inicialmente, foi concebida há 16 anos. Foi uma obra que seria uma simples ligação entre Água de Meninos, a Avenida Dois Leões e a Heitor Dias. Seria mais uma nova via de ligação entre as cidades baixa e alta. Ela tinha, até então, a função de ampliar o sistema viário, porque naquela época já tínhamos a necessidade de ampliar as ligações que hoje são feitas pelo túnel Américo Simas, Largo do Tanque e Avenida Contorno", conta o professor.
Para ele, o valor investido e a quantidade de desapropriações poderiam ser menores.
"Talvez pudesse ser uma obra mais arrojada. Com o passar do tempo foi dada a nova concepção de ligação com o porto. Alternativa muito interessante, porque liga o acesso do sistema rodoviário federal com a área portuária, e no futuro pode ser ampliado e ter futura ligação com a ponte [Salvador – Itaparica, em fase de estudos].
Dentro desse contexto tem função importantíssima, dentro de sua concepção. Só que levou muito tempo para ser construída, porque no projeto foi dotada de muitas faixas de tráfego. E antes dessa concepção de passar caminhão, também foi alternativa de ligação do corredor de metrô ligando a Calçada até a rodoviária, ou seja, ela também foi concebida como possível corredor de metrô, e talvez fosse a melhor função dela, o que não aconteceu. A gente precisa mais de metrô do que sistema viário", alerta Felzemburg.
Segundo a Sedur, foram 653 desapropriações nos quatro anos de obras, sendo 450 casas e o restante de comércios. Dos R$ 480 milhões, R$ 380 milhões vieram do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o restante de verba do estado.
"Essa obra faz parte de investimentos de mais de R$ 7 bilhões, onde só o metrô tem quase R$ 4 bilhões, mais corredores transversais, duplicação da Avenida Orlando Gomes, a Avenida 29 de março e obras já em andamento como a duplicação da Avenida Pinto de Aguiar, complexo de viadutos do Imbuí e Narandiba e a interligação da Avenida Luís Eduardo Magalhães com a BR-324, obras que serão entregues em 2014. Queremos mudar o posicionamento do trânsito em Salvador, as pessoas vão ter novas vias, maior flexibilidade, economizar tempo", acredita Monteiro.
*G1.