Na tarde desta terça-feira (11), data em que é celebrado o ‘Dia do Estudante’, um protesto no Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) resultou em uma intervenção da Polícia Militar (PM).

A ação, que ocorreu na reitoria do IFRN, em Natal, foi organizada pelos estudantes, que protestavam contra a intervenção na instituição (cuja duração já completa mais de 100 dias ). Durante o ato, definido por eles como “pacífico”, os jovens alegam que foram supreeendidos com a chegada de policiais militares que, inclusive, utilizaram spray de pimenta para tentar dispersar o grupo.

Em um dos vídeos divulgados pelos estudantes, um deles aparece alertando aos demais a chegada da PM, e destaca que o celular foi confiscado.

“Hoje, no dia do estudante, estudantes de vários grêmios estudantis decidiram construir um ato simbólico na reitoria contra a intervenção que já dura mais de 100 dias no nosso instituto. O interventor Josué decidiu chamar a PM, ao invés de conversar com os estudantes como sempre aconteceu no IFRN”, contou o estudante Matheus Araújo, que participava do movimento.

“O primeiro diálogo dos PMs já foi ameaçando levar a gente algemado, sendo agressivos. Depois confiscaram o celular de uma menina de forma extremamente bruta só porque ela estava gravando a atuação deles”, compeltou o estudante.

Em nota, divulgada pela assessoria de imprensa do reitor pro tempore, Josué Moreira, ele garante que está sempre aberto ao diálogo, porém, censura a forma de reivindicação dos estudantes.

“A forma como a tentativa de conversa foi realizada foi lamentável, pois eles invadiram a Reitoria”, diz trecho do comunicado. Na sequência também é ressaltado: “vieram [estudantes] fazer aqui não foi reivindicar a questão da volta às aulas, na verdade, estão reivindicando outras coisas, alinhadas a ideais estritamente políticos”.

O reitor ainda agradece a atuação da PM e pede desculpas pela repercussão, assegurando que os policiais tenataram “manter a integridade física dos servidores que estão trabalhando, a ordem e proteção do patrimônio público”.

Veja um dos vídeos divulgados pelos estudantes:

https://www.youtube.com/watch?v=jF26oxi3LB0

Outras informações

Por meio das redes sociais, a governadora Fátima Bezerra frisou que foi determinado pela gestão que o secretário de Segurança Pública, coronel Francisco Araújo, bem como o comandante da Polícia Militar, coronel Alarico Azevedo, trabalhem com “prioridade na apuração do episódio”. Ela também revelou que o comandante da operação desta terça-feira foi afastado.

Os diretores gerais dos campi do IFRN também decidiram se manifestar, e emitiram uma nota manifestando apoio aos estudantes.

“A comunidade estudantil é a razão de existência de uma casa de educação que forma cidadãos e profissionais de excelência. Respeito e diálogo é o que os estudantes merecem, não truculência e ameaças. Diretores e Diretoras Gerais dos Campi do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte se solidarizam e manifestam incondicional apoio aos estudantes que, exercendo a cidadania, clamam pelo retorno à normalidade democrática no IFRN”, consta no documento.

Sobre a Intervenção

Em dezembro de 2019, aconteceram as eleições para reitoria do IFRN. No dia 4, com 48,25% dos votos válidos, o professor José Arnóbio de Araújo Filho foi eleito reitor. Com isso, a posse foi marcada para acontecer no dia 20 de abril. Entretanto, uma portaria publicada pelo Mnistério da Educação (MEC), no dia 17 de abril deste ano, nomeou Josué Moreira como reitor pro tempore, sendo que ele nem chegou a disputar as eleições.

O novo reitor, nomeado pelo MEC, é médico veterinário e professor do IFRN no campus Ipanguaçu. Em 2016, ele também foi candidato à Prefeitura de Mossoró, pelo Partido Social Democrata Cristão (PSDC). Em 2018, Josué Moreira se filiou ao Partido Social Liberal (PSL), a então sigla do presidente Jair Bolsonaro.

Nota do reitor pro tempore Josué Moreira

“Com surpresa, recebi a informação de que um grupo de estudantes do IFRN havia invadido a sede do Instituto, o prédio da Reitoria. Declaro que estou sempre aberto ao diálogo, mas a forma como a tentativa de conversa foi realizada foi lamentável, pois eles invadiram a Reitoria.

Hoje é um dia dedicado aos estudantes, mas o que eles vieram fazer aqui não foi reivindicar a questão da volta às aulas, na verdade, estão reivindicando outras coisas, alinhadas a ideais estritamente políticos. A gestão está trabalhando para fazer acontecer o retorno das aulas e o que os alunos buscavam aqui, fazendo esse movimento, não era nessa direção.

Por fim, agradeço e peço desculpas a gloriosa PM do RN, que tenta manter a integridade física dos servidores que estão trabalhando, a ordem e proteção do patrimônio público. A aglomeração de alunos é uma desobediência a lei contra o combate à Covid-19.“.

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