Os primeiros testes com o Sirius, um acelerador de partículas brasileiro, foi realizado por pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), localizado em Campinas. No processo, eles utilizaram uma proteína imprescindível para o ciclo de vida do novo coronavírus (Covid-19). Veja o vídeo ao final da matéria.
Com isso, os primerios experimentos originaram algumas imagens em 3D das estruturas da 3CL (uma das principais proteínas que integram o vírus da Covid-19).
De acordo com os pesquisadores, com esses resultados será possível compreender a biologia do novo coronavírus e, dessa forma, buscar novos medicamentos que combatam a infecção, bem como sua possível evolução.
Pesquisas
A partir de amanhã (13), o CNPEM vai começar a receber pesquisadores envolvidos com projetos relacionados ao novo coronavírus. A operação, batizada de “Manacá”, coloca o Sirius (novo acelerador de elétrons brasileiro) à disposição dos cientistas dedicados a investigar os detalhes moleculares que provocam a doença.
Na tentativa de disponibilizar uma das estruturas mais modernas do mundo, os pesquisadores do CNPEM realizaram diversos testes preliminares com o auxílio do Sirius e, assim, puderam realizar as imagens inéditas de uma proteína do novo coronavírus.
Em entrevista concedida ao jornal ‘Estadão’, a coordenadora de pesquisa da força-tarefa do CNPEM contra a Covid-19, Daniela Trivella, pontuou: “A amostra analisada nos primeiros experimentos no Sirius foi a proteína 3CL do SARS-CoV-2. Ela é uma das principais proteínas do vírus. Essa e outras proteínas são alvos estratégicos para o desenvolvimento de medicamentos, pois quando conseguimos inibir essas proteínas, é possível interferir na replicação viral”.
“Para interferir na atividade de uma proteína-alvo é importante conhecer sua estrutura tridimensional, isto é, a posição de cada um dos átomos que a compõe. Identificar seus pontos fracos, saber onde podemos interferir para alterar a sua atividade e impactar no ciclo de vida do vírus. As técnicas de luz síncrotron nos permitem isso. Podemos ainda observar, na escala atômica, como essas proteínas interagem com fármacos. Esses detalhes moleculares geram conhecimentos que são fundamentais para apoiar a busca por novos medicamentos e para a compreensão da biologia do vírus”, acrescentou a coordenadora.
Veja abaixo as imagens em 3D obtidas através do Sirius: