De acordo com informações dos pesquisadores do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs), da Fiocruz Bahia, uma nova linhagem do vírus da zika está em circulação no território brasileiro. Através de uma ferramenta que monitora as sequências genéticas do vírus, pela primeira vez no país, os cientistas conseguiram detectar um tipo africano, com potencial de originar uma nova epidemia.
A descoberta foi publicada no início desse, por meio do periódico “International Journal of Infectious Diseases”.
Um dos líderes do estudo, Artur Queiroz, destaco que dois dados indicam que a linhagem circulou pelo Brasil durante o ano passado. Segundo ele, ela foi encontrada em dois Estados distantes entre si (Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro), e, os hospedeiros que “abrigavam” os vírus também eram diferentes. Um mosquito era “primo” do Aedes aegypt, chamado Aedes albopictus, e uma espécie de macaco.
Linhagens
Duas linhagens do vírus da zika são conhecidas: uma é de origem asiática e a outra de origem africana (subdividida em oriental e ocidental).
Desde 2015, a ferramenta do Cidacs acompanha constantemente quais andam circulando pelo Brasil. Conforme aponta o estudo, existem mudanças notáveis nas 248 sequências genéticas analisadas. Até 2018, a maior parte era de um subtipo asiático do Camboja (90%). Já no ano passado, outro subtipo passou a ganhar força: o da Micronésia (89,2%).
No entanto, o fator mais preocupante do estudo foi outra constatação: em 2019, 5,4% das sequências eram inéditas no país, oriundas de linhagem africana.
Por ser uma linhagem nova, Queiroz alerta que há o perigo de uma nova epidemia: “A maior parte da população não tem anticorpos para isso”, diz.
Casos da zika
Em 2020, o Ministério da Saúde informou que já foram constatados 3.692 casos prováveis de infecção pelo vírus da zika. Esses números são significativamente inferiores aos 47.105 casos de chikungunya e aos 823.738 de dengue, doença que também são transmitidas pelo Aedes.
Outras informações
No Brasil o vírus da zika teve mais destaque a partir da Copa do Mundo de 2014, com a entrada de vários estrangeiros de nações distintas.
De acordo com os estudiosos, o principal meio de contágio do zika vírus acontece através da picada do mosquito Aedes aegypti. No entanto, ele também pode ocorrer por meio de relações sexuais, contato sanguíneo, leite materno e pelo líquido amniótico.
A causa de microcefalia se dá, justamente, quando a mãe está infectada e o vírus age perfurando a placenta chegando ao líquido amniótico contaminando também o feto. Estudos apontam que o vírus destrói o tecido neuronal dos fetos. Nos casos de infecção nos primeiros 3 meses de gestação, o feto tem mais chances de nascer com microcefalia.
Com o tempo de incubação variando de 3 a 10 dias, o zika vírus, em sua maioria de casos, tem sintomas menos agressivos, se comparados aos da dengue e chikungunya. Inclsuive, grande parte dos infectados não apresenta sintomas (cerca de 80%).
Nos pacientes que apresentam sintomas, entre os mais brandos, estão: dores de cabeça, dores no corpo e articulações, conjuntivite, sensibilidade à luz (fotofobia), progredindo para manchas avermelhadas na pele lembrando uma alergia evoluindo para pequenas erupções. Já em alguns casos isolados, o vírus Zika pode evoluir para a síndrome de Guillain-Barré.
Com sintomas durando até 7 dias, o tratamento padrão é o mesmo que o da dengue, evitando uso e anti-inflamatórios e ácido acetilsalicílico (AAS), devido aos riscos de evolução de hemorragias.
Que fique apenas no “pode”.