Um aplicativo capaz de identificar se o paciente está infectado com o novo coronavírus (Covid-19) a partir de uma simples radiografia do pulmão. A invenção mencionada já existe, recebeu o nome de ‘Marie Curie’, e foi criada por um grupo de pesquisadores da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo e do Supera Parque de Inovação e Tecnologia, de Ribeirão Preto.
Segundo os criadores, a ferramenta também pode ser utilizada para fazer triagem de pessoas com suspeita da Covid-19, tendo em vista que ela permite a análise de várias imagens ao mesmo tempo.
Segundo informações do Jornal da USP, no processo de desenvolvimento do aplicativo, o grupo de pesquisadores analisou cerca de 3.500 imagens de repositórios provenientes do Brasil, da China, dos Estados Unidos, bem como da Itália. Destes, dois mil pacientes estavam com a Covid-19, outros quinhentos foram diagnósticados com tuberculose e mil estavam saudáveis, ou seja, sem nenhuma doença associada no momento.
A pesquisadora Paula Cristina dos Santos, uma das responsáveis pela criação do aplicativo, destacou que nas imagens foram separadas só a área do pulmão, e em seguida, foi feita uma análise estatística, usando um algoritmo capaz de distinguir os três grupos de pacientes. Na primeira etapa do estudo, após o agrupamento das imagens, já foi possível detectar as diferenças entre as imagens de pulmões afetados pelo novo coronavírus e as imagens daqueles afetados pela tuberculose.
“Foram identificadas 144 características, sendo 42 específicas da covid-19. Percebemos que essas características também têm níveis, dependendo do estágio da doença: mais leves, moderados e graves. Agora estamos fazendo estudos mais aprofundados, usando outros algoritmos, para estudar essa evolução nas imagens”, revelou Paula.
Ademias, os pesquisadores notaram que existe um aumento na densidade do pulmão dos pacientes com Covid-19, que fica com “o aspecto de branco jateado, chamado na medicina de ‘vidro fosco’ ”. Essa é uma característica muito forte dos pacientes infectados pelo vírus, como já relatado em outros distintos artigos científicos.
Ao jornal, Paula ainda comentou que, mesmo com as descobertas já realizadas, ainda há detalhes a serem ajustados. Porém, o aplicativo apresenta uma segurança de 93% a 98% no diagnóstico da Covid-19. O Grau de clareza fica maior conforme o estágio do paciente, ou seja, se ele estiver na fase inicial ou mais avançado.
O aplicativo recebeu o nome de Marie Curie, em homenagem a primeira mulher que ganhou um Nobel, e até hoje, a única a ganhá-lo duas vezes, um de Física e outro de Química.