O balanço final da Operação Semana Santa, realizada pelas Polícias Rodoviária Estadual (PRE) e Federal (PRF) durante o feriado prolongado, mostra um aumento no número de vítimas fatais nas estradas que cortam a Bahia. No total, ocorreram 18 mortes, entre quinta-feira e domingo, três a mais do que no mesmo período do ano passado.
Nas rodovias federais, o número de acidentes aumentou para 140, contra 135 em 2012. Em contrapartida, a quantidade de feridos caiu de 75 para 64 vítimas (redução de 14,67%) e de mortes, de oito para seis (redução de 25%).
Já as estradas estaduais tiveram uma redução de 15% no número de acidentes (40 contra 47 em 2012). O que aumentou foi a quantidade de mortes, de 7 para 12 vítimas, e de feridos, de 44 para 47.
Por trás desses números está a falta de prudência ao volante. Essa é a conclusão do comandante do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv), coronel Paulo Faustino. “Os acidentes têm como principal causa o desrespeito dos condutores à sinalização, em especial aos limites de velocidade”, comenta.
Na visão do chefe do Núcleo de Policiamento e Fiscalização da Delegacia da PRF de Simões Filho, inspetor Marcos Alves, a falta de limites do condutor é a principal causa dos acidentes. “O excesso de velocidade é o campeão entre as várias imprudências cometidas”, afirma.
Velocidade
Só na Operação Semana Santa os radares da PRF capturaram, nas rodovias federais, 8.312 imagens de veículos que serão notificados por velocidade excessiva. “Infelizmente, esse número corresponde a menos de 10% de todos os veículos que cometem infrações”, acrescenta Alves. Além disso, foram emitidas 522 notificações por ultrapassagens indevidas.
Na opinião do capitão Marcelo Pita, coordenador do Departamento de Comunicação da PM, a falta de respeito às leis de trânsito e a sensação de impunidade contribuem para o comportamento inadequado ao volante, mas as boas condições da pista também podem estimular a infração. “É tudo decorrente da falta de respeito à velocidade. Mas, ao mesmo tempo, a gente tem uma malha asfáltica melhor. Com isso, os veículos estão correndo mais”, analisa.
Marcos Alves entende que o condutor confunde a situação. “Ele acha que a pista boa se torna uma pista de velocidade. As pessoas acabam acelerando mais. Mas isso é uma questão de educação, Tem que haver uma reformulação na formação do condutor”, observa o inspetor.
De acordo com ele, esse tipo de infração é, em geral, cometida por pessoas jovens ou novos condutores, com pouca ou nenhuma experiência de direção em estradas. Na maioria das vezes, os acidentes acontecem fora do horário de pico (7h às 10h e das 14h às 19h), quando o fluxo de veículos é menor e o motorista encontra pista livre.
Motoristas
Alguns motoristas que vivem o dia a dia das estradas conhecem as dificuldade. É o caso do motorista profissional Edivaldo dos Santos Dias, 44 anos. “Há sete anos enfrento as rodovias baianas, principalmente as BRs 101, até Ilhéus, e a 242, até Luis Eduardo Magalhães. Já presenciei muitos acidentes e vejo muitas imprudências tanto de motoristas de veículos pequenos quanto de carreteiros”, conta.
Quem também anda mais atento nas estradas baianas é o representante comercial Fábio Pacheco, 35 anos. Ele trabalha viajando por várias cidades do interior baiano e já passou por uma situação de risco. “Eu já sofri um acidente na estrada provocado pela irresponsabilidade do motorista de um ônibus, que resolveu ultrapassar um. O resultado foi muita gente ferida”, lembra.
Ações simples são principais causadoras de acidentes
A maioria dos acidentes ocorre por erro do condutor. Prova disso é que, em grande parte dos casos, acontecem com tempo bom, de dia e com boa visibilidade. O erro está em gestos simples. É o que explica Rodrigo Ramalho, especialista em comportamento no trânsito.
“Por exemplo, um condutor perde 4 segundos para trocar um CD. Se o veículo estiver a 100 km/h, vai percorrer, nesse tempo, 110 metros. Suficiente para causar um acidente”, diz.
Outros vacilos são a discagem no celular, que dura em média 5 segundos (137 metros), ou acender um cigarro, 3 segundos (82,5 metros). Mas, segundo ele, as principais causas são ultrapassagens proibidas, excesso de velocidade e não verificação de itens de segurança. “Os condutores deveriam estar em salas de aula, mas isso só acontece quando há suspensão. As pessoas associam punição com necessidade de estar em sala. Deveria ser prevenção e não punição”, ressalta.
Muita gente deixou para retornar à capital ontem de manhã e enfrentou congestionamento na BR-324
Retorno complica trânsito na BR-324 e rodoviária
O movimento de retorno do feriado de Semana Santa foi intenso, ontem. No início da manhã, o trânsito ficou lento no entorno da Estação Rodoviária com o congestionamento provocado por carros que chegavam ao terminal e grande número de ônibus se deslocando para a área de desembarque. O engarrafamento alcançou o Viaduto dos Rodoviários.
De acordo com informações da Via Bahia, foi registrada lentidão durante a manhã na BR-324 nos seguintes trechos: praça de pedágio de Simões Filho, sentido Salvador e Km 615 (Águas Claras), onde o tráfego foi intenso até o fim da tarde. Na Estrada do Coco (BA-099), segundo a Concessionária Litoral Norte, o fluxo foi intenso até as 9h. Até as 20h de ontem, 16,5 mil veículos passaram pelo local a caminho da capital.
Quem teve que utilizar o sistema ferry-boat contou com cinco embarcações em operação em horários fixos com saída a cada hora e bate-volta: Anna Nery, Ivete Sangalo, Rio Paraguaçu, Maria Bethânia e Pinheiro. Segundo informações da Internacional Marítima, a espera foi de aproximadamente duas horas e meia para veículos. A concessionária afirma que não houve filas de pedestres.
BR-324: três trechos dos 100 mais perigosos do país
A BR-324, uma das principais rodovias do estado — onde ocorreram duas das seis mortes em estradas federais no feriadão de Semana Santa — tem três trechos entre os 100 mais perigosos do país. Dois desses trechos ficam logo na saída da capital (Km 610-620 e 620-630) e outro na chegada em Feira de Santana (Km 510 ao 520), de acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Segundo levantamento da PRF, os três trechos somaram, entre janeiro e setembro do ano passado, 812 acidentes com 36 mortes e 377 feridos. O pior deles, que vai do Km 610 ao 620, entre a Brasilgás e a Palestina, ficou na 41ª posição entre os mais perigosos do país (375 acidentes, 149 feridos e 10 mortes). O trecho anterior (sentido Salvador-Feira), do Km 620 ao 630, foi o 72º colocado.
Entre os dois, na 64ª colocação, ficou o trecho entre os Km 510 e 520, já em Feira de Santana. Além dos três trechos da BR-324, a Bahia tem, na 81ª posição, um trecho da BR-116 entre o Km 420-430, que leva ao Anel de Contorno de Feira de Santana. O ranking é realizado levando em consideração o número de acidentes, feridos e mortos. O trecho mais perigoso do país é na BR-101, altura da cidade de Palhoça (SC). Fonte: Correio