Fios de alta voltagem desencapados e espalhados pelo chão. Crianças expostas a alto risco de acidentes. Este é um dos muitos problemas enfrentados pelos moradores do Loteamento Parque Tucunaré, localizado na orla de Camaçari.
A presidente da Associação do local, Tânia Maria, conta que o principal problema na localidade diz respeito à falta de cumprimento, por parte da Imobiliária Arembepe Incorporadora, de um procedimento básico, a fim de que a comunidade tenha direito aos serviços prestados pela prefeitura: uma planta atual do loteamento ainda não foi encaminhada ao órgão público, o que configura a área como irregular. Com isto, serviços imprescindíveis, como boa infraestrutura, iluminação e urbanização, ainda inexistem na comunidade.
"Nós não somos invasores, não. Nós compramos. Falta tudo neste loteamento. É um descaso total", desabafa Tânia. Ela comenta os riscos aos quais os moradores, em especial as crianças, correm, por conta da falta de prestação dos serviços básicos.
"Estamos vendo a hora de uma fatalidade estar anunciada. Antes que isto aconteça, estamos cobrando da imobiliária que nos vendeu isso aqui.Temos o direito de cobrar. Temos nosso direito de viver bem".
Ainda segundo ela, a Coelba também já foi sinalizada sobre os riscos e problemas relacionados à rede elétrica, mas explica o porquê da falta de solução para o caso. "A Coelba tem conhecimento, mas é insegura para trabalhar pelo fato de o loteamento ser irregular".
Além do impasse com a fiação, praticamente não existe energia em todo o lote, o que causa outra dificuldade aos moradores: falta de segurança. Por conta da quase inexistente iluminação, algumas pessoas têm adaptado ou mesmo deixado de fazer situações rotineiras, como estudar à noite, por conta dos riscos.
Tânia diz que apesar da prefeitura e até o Ministério Público terem sido acionados, a responsabilidade é totalmente da imobiliária, que não está cumprindo o seu papel.
Além de todos os problemas, mais outro: a precariedade na iluminação tem levado muitos moradores a perderem aparelhos elétricos e até a improvisarem situações ilegais, como a de Valdeci Almeida, que teve de fazer uma ligação irregular de energia, ou ficaria no escuro. "Sou obrigada a roubar da Coelba conscientemente, mas porque tenho grande necessidade. Eu não tenho condições nem de assistir a uma televisão em minha casa, porque de três em três minutos a energia cai e com isso a televisão queima", diz ela, visivelmente revoltada.
Por Rafaela Pio