De acordo com o governador da Bahia, Rui Costa (PT), a Ford Motor Company tem discussões em andamento com outras montadoras globais de veículos para a venda de seu complexo fabril no município de Camaçari, situado na Região Metropolitana de Salvador (RMS).
A informação foi revelada por Rui, após a primeira reunião do grupo de trabalho, realizada na tarde desta terça-feira (12/1). O grupo foi criado com o intuito de minimizar os efeitos da decisão da companhia norte-americana de parar sua produção no Brasil.
“Eles verbalizaram que já têm diálogos abertos com outras montadoras globais, mas que teriam assinado protocolo de sigilo”, assegurou o governador aos jornalistas.
Entretanto, o petista não forneceu maiores detalhes sobre os eventuais interessados na fábrica da Ford em Camaçari, que até então produzia os modelos EcoSport e Ka.
Em contrapartida, a Ford afirmou que não comenta possíveis especulações.
Ao longo da coletiva, Rui ainda garantiu que o governo estadual já tentou contato com as embaixadas da China, Japão e Coreia do Sul, com o objetivo de obter apoio para encontrar interessados em assumir o complexo fabril.
Para o governador, o que levou a Ford a optar pelo encerramento da produção no território brasileiro foi a “ausência de uma política industrial nos últimos seis anos”, acrescentou.
“Estamos falando de uma situação macroeconômica que torna inviável a produção industrial no Brasil não só para a Ford, mas para vários segmentos industriais”, disse Costa, se referindo à queda do real ante o dólar.
O encontro da presente data contou com a presença de representantes sindicais, bem como da federação industrial da Bahia. O Estado abriga a maior fábrica da Ford na América do Sul.
Outras informações
Ainda nesta terça-feira, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, Júlio Bonfim, que estava presente na reunião, disse que na próxima segunda-feira (18/1) os trabalhadores vão se reunir com a empresa para negociarem as compensações das demissões.
Conforme enfatizou Júlio, a categoria tinha uma negociação para que a fábrica recebesse três novos produtos nos próximos anos o que garantiria estabilidade de emprego até março de 2024.
“Vamos juridicamente ver o que podermos construir de valor agregado indenizatório”, pontuou Bonfim.
Na ocasião, Bonfim também lembrou do caso do fechamento da fábrica da Ford em São Bernardo do Campo, em 2019. À época, foi acertado o valor de 2 salários por ano trabalhado, limitado a um teto de R$ 500 mil.
Impacto
Ressaltando os impactos gerados pelo fechamento da Ford em Camaçari, Rui destacou que apenas em salários, a fábrica movimentava cerca de R$ 500 milhões por mês, e que, em 2018, o Estado arrecadou R$ 200 milhões com a fábrica. Porém, esses valores foram caindo para R$ 150 milhões em 2019 e cerca de R$ 100 milhões no ano passado, em meio à queda nos volumes vendidos.
O Governo da Bahia ainda detalhou que o Estado concedeu à Ford R$ 948 milhões em benefícios fiscais entre 2018 e 2020, enquanto o investimento da companhia em Camaçari entre 2015 e 2019 foi de R$ 2,5 bilhões.