Pela primeira vez em 276 anos, a tradicional Festa do Senhor do Bonfim, realizada na capital baiana, não contou com a lavagem das escadarias da basílica. A Prefeitura de Salvador também promoveu a campanha “Quem Tem Fé, Fica em Casa”, por conta das medidas de combate ao Coronavírus. Embora certo número de fiéis tenha comparecido, boa parte dos religiosos preferiu seguir o conselho do poder público, acompanhando os festejos de sua residência.
Heliene Guedes é, como costuma dizer, “católica de berço” e tão devota de Senhor do Bonfim que passa até os aniversários em sua Igreja, localizada em Salvador. Neste ano atípico, no entanto, preferiu exercer sua fé acompanhando as transmissões ao vivo da Basílica Santuário do Senhor do Bonfim, através do Youtube. “Não fui em respeito à situação de pandemia que estamos vivendo, embora eu creia que isso não afete em nada minha relação com o Senhor do Bonfim”, conta.
Esta relação citada por Heliene é forte e antiga. “Já estive em uma situação muito delicada, indo bastante ao médico por conta de uma dor constante nas pernas. Fiz promessa ao Senhor do Bonfim, disse que no próximo ano iria vestida de baiana para a lavagem. A graça foi alcançada e eu fiz como prometido”, relatou. Segundo ela, a divindade vem lhe contemplando desde então e, quando houver menos circulação de pessoas na Igreja, fará uma visita.
O mesmo pensamento ocorreu a Jakson Fernando de Assis, que optou por estar junto do Senhor do Bonfim em oração, sem sair de casa. Frequentador assíduo da festa anual, Jakson valoriza a mistura promovida por ela, unindo a religiosidade católica e a de matriz africana. “Porém, neste ano, foi mais prudente praticar a fé à distância, para a prevenção contra a Covid-19“, diz. Para ele, agora é momento de se preservar a fim de poder acompanhar as próximas Lavagens do Bonfim.
