De acordo com as Nações Unidas, doenças crônicas não transmissíveis como câncer, diabetes e problemas no coração ultrapassaram, pela primeira vez na história, as doenças infecciosas. Comentário publicado na revista Nature destaca que um dos responsáveis por essa mudança, além do cigarro e do álcool, é o açúcar.

A pesquisa foi feita por três cientistas da Universidade da Califórnia, em São Francisco, e apontou que os efeitos danosos do açúcar para o organismo são semelhantes aos promovidos pelo álcool e, portanto, ele também deveria ter o consumo regulado.

O consumo mundial de açúcar triplicou nos últimos 50 anos. E, apesar de os Estados Unidos liderarem o ranking mundial do consumo per capita do produto, o problema não se restringe a esse ou a outros países desenvolvidos.

Os autores destacam que todo país que adotou uma dieta ocidental, dominada por alimentos de baixo custo e altamente processados, teve um aumento em suas taxas de obesidade e de doenças relacionadas a esse problema. Há hoje 30% mais pessoas obesas do que desnutridas.

Mas a obesidade não é o principal problema neste caso, visto que 20% das pessoas obesas têm metabolismo normal e terão uma expectativa de vida esperada. No entanto, cerca de 40% das pessoas com pesos considerados normais desenvolverão doenças no coração e no fígado, diabetes e hipertensão.

No fim das contas, o problema é maior nos países menos ricos. Segundo o estudo, 80% das mortes devidas a doenças não transmissíveis ocorrem nos países de rendas média ou baixa.

De acordo com os autores do artigo, o cenário chegou a tal ponto que os países deveriam começar a controlar o consumo de açúcar. A regulação poderia incluir a taxação de produtos industrializados açucarados, a limitação da venda de tais produtos em escolas e a definição de uma idade mínima para a compra de refrigerantes.

Mas, diferentemente do álcool ou do cigarro, que são produtos consumíveis não essenciais, o açúcar está em alimentos, o que dificulta a sua regulação.