A empresária Carmem Topschall, acusada de envolvimento em esquema de adoções irregulares no interior baiano, disse nesta quinta-feira, 21, alegou inocência e disse que adotou as crianças de "forma legal". A declaração foi feita antes do início do interrogatório de Carmem na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Federal, que investiga o tráfico de pessoas, na sede da Procuradoria Geral de Justiça da Bahia, no Centro Administrativo da Bahia (CAB). Segundo comunicado da CPI, ela figura como suspeita de intermediar a transferência de crianças de Monte Santo (a 373 km de Salvador) para São Paulo.
A empresária disse que se mudou de Pojuca por conta da exposição e pediu que os deputados preservem sua família.
Apesar de marcado para 9h30 desta quinta-feira, 21, o depoimento foi iniciado por volta de 11h15. O atraso aconteceu porque os deputados se reuniram antes da audiência pública para saber detalhes do último testemunho da empresária.
A CPI já havia tentado colher o depoimento da empresária em novembro do ano passado, mas um habeas corpus preventivo possibilitou o silêncio dela na sessão. Desta vez, o advogado de Carmem, Maurício Vasconcelos, garante que ela comparece "para responder a todos os questionamentos dos deputados da CPI".
"Acredito que esse depoimento nem é necessário, bastava aos deputados verem o que Carmem já disse ao Ministério Público. Só ficamos temerosos em relação a atitudes agressivas que alguns deputados já tiveram em outras CPIs. Espero que façam as perguntas de forma respeitosa", refletiu Maurício Vasconcelos
O advogado disse que a cliente adotou crianças em Monte Santo legalmente: "As coisas não são como estão sendo postas. Ela adotou três crianças em Monte Santo, em processos com sentença transitada em julgado (quando já não cabe mais recurso)".
Espanha – Também nesta quinta, os deputados da CPI pretendem ouvir o casal Denílson Costa Pereira Reis e Elizânia dos Santos Evangelista Reis, suspeitos de integrar uma quadrilha que mandava jovens baianas para se prostituírem na Espanha.
Eles foram presos em operação conjunta da Polícia Federal e da Polícia Nacional Espanhola, no final do mês passado. O casal, que responde a inquérito federal por tráfico de seres humanos e formação de quadrilha, será ouvido em uma sessão reservada.
Para sexta, 22, a agenda da CPI reserva outra audiência pública, mas em Monte Santo. Lá, a programação inclui ouvir relatos dos lavradores Silvânia Maria da Silva e Gerôncio Sousa, que tiveram os filhos entregues a famílias paulistas em um processo irregular.
"Esperamos esclarecer a participação de cada pessoa e a rede criminosa instalada. O inquérito contra o casal segue em segredo de Justiça, mas o mapeamento da quadrilha está sendo feito", confirmou o deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), presidente da CPI. fonte: A Tarde