Após a disseminação rápida do novo coronavírus (Covid-19), cientistas do mundo todo uniram forças em busca de encontrar um remédio e/ou vacina para combater a doença, que ainda segue fazendo vítimas. Muitos, inclusive, deixaram de lado outros estudos para focar no combate da doença, a exemplo do virologista Rafael Elias Marques, do Laboratório Nacional de Biotecnologia (LNBio), que integra o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP).
No entanto, em entrevista ao G1, o pesquisador ressaltou que a pandemia da Covid-19 “acendeu” um alerta: segundo ele, é questão de tempo para que novas ameaças apareçam. Com isso, em consonância com o centro, Rafael planeja para 2021 a retomada de sua linha de pesquisa e consequente descoberta de qual vírus pode ser o causador da próxima crise sanitária global.
“Essa não vai ser a última vez que vamos ter problemas com infecções”, afirmou Marques.
O pesquisador contou que trabalha com vírus transmitidos por mosquitos que são “negligenciados”, ou seja, não aqueles que envolvem doenças bastante conhecidas pela população brasileira, a exemplo da dengue, zika ou chikungunya.
Ele revelou que entre seus objetos de estudo estão o mayaro, oropouche e o vírus da encefalite de St. Louis, todos já em circulação no Brasil e América Latina, e do qual os cientistas pouco conhecem.
“Nunca se previne, mas o trabalho, o entendimento da biologia desses vírus, com criações de modelos experimentais, ajuda a entender como a doença e as infecções se desenvolvem, como as proteínas do vírus se organizam e a partir daí podemos buscar entender como intervir”, explicou o virologista.