Em entrevista concedida à revista ‘Veja’, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, contou que, em breve, irá apresentar ao Supremo Tribunal Federal (STF) provas de que o Presidente da República, Jair Bolsonaro, tentou interferir na atuação da Polícia Federal (PF).

Sergio Moro também afirmou que o procurador-geral da República, Augusto Aras, tentou intimidá-lo, ao colocá-lo como investigado no inquérito que apura as acusações feitas pelo ex-ministro contra Bolsonaro. O inquérito aberto para investigar as denúncias de Moro (cujo depimento é esperado para os próximos dias) tem relatoria do ministro Celso de Mello, no Supremo Tribunal Federal (STF).

Moro anúnciou que deixaria o governo durante a semana passada. O motivo de sua decisão, segundo ele próprio revelou, foi a demissão, assinada por Bolsonaro, do ex-diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo (homem de confiança do ex-ministro). Na ocasião, Moro enalteceu que Bolsonaro tentou interferir politicamente na PF.

Ainda na entrevista à Veja, Sergio Moro ressaltou que “abandonou” 22 anos de magistratura para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública, por considerar que teria apoio do governo no combate à corrupção. O que, segundo ele, ficou na promessa.

“Sinais de que o combate à corrupção não é prioridade do governo foram surgindo no decorrer da gestão. Começou com a transferência do Coaf para o Ministério da Economia. O governo não se movimentou para impedir a mudança. Depois, veio o projeto anticrime”, pontuou Moro.

“Recordo que praticamente implorei ao presidente que vetasse a figura do juiz de garantias, mas não fui atendido. É bom ressaltar que o Executivo nunca negociou cargos em troca de apoio, porém mais recentemente observei uma aproximação do governo com alguns políticos com histórico não tão positivo”, acrescentou.

Moro também frisou que não tinha a intenção de prejudicar o governo com sua saída, porém, se sentiu na ‘obrigação’ de explicar por que decidiu deixar o governo.

“É importante deixar muito claro: nunca foi minha intenção ser algoz do presidente ou prejudicar o governo. Na verdade, lamentei extremamente o fato de ter de adotar essa posição. O que eu fiz e entendi que era minha obrigação foi sair do governo e explicar por que estava saindo. Essa é a verdade”.

Por fim, o ex-ministro analisou os ataques sofridos nas redes sociais após anunciar sua demissão. De acordo com ele, as ações não intimidam.

“Nao tenho medo de ofensas na internet, não. Me desagrada e tal, mas se alguém acha que vai me intimidar contando inverdades a meu respeito no whatsapp, ou na internet, está muito enganado sobre minha natureza”, evidenciou.

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