A Associação dos Magistrados da Bahia (Amab) vem usando uma lógica, no mínimo, curiosa ao se posicionar em defesa da juíza Jaciara Borges Ramos, da 127ª Zona Eleitoral (Candeias), que enfrenta acusações de improbidade administrativa, sonegação de documentos e irregularidades em processos. Em nota enviada à imprensa, a entidade ataca a difusão de notícias relativas ao caso, sem que haja conclusão do caso na esfera judicial. Contudo, ao mesmo tempo, diz que toda a magistratura baiana trabalha dentro das regras e destaca o caráter “leviano” das acusações, isso sem que houvesse também a tão pedida decisão judicial sobre o caso.

ACUSAÇÃO

A acusação, feita pela Procuradoria Regional da República da 1ª Região (PRR1), órgão do Ministério Público Federal (MPF), tomou como base investigações realizadas pela Corregedoria Nacional de Justiça, em 2012. De acordo com o órgão investigador, Jaciara, além de ocultar processos, teria subtraído peças e adulterado a numeração dos mesmos. Em razão dessa conduta, 13 processos de improbidade administrativa, por exemplo, ficaram trancafiados dentro do armário, sem andamento.

Antônia Magalhães da Cruz (ex-prefeita, conhecida como Tonha Magalhães) e Maria Angélica Juvenal Maia, também ex-prefeita municipal, que chegou a ter seu mandato cassado em 2012, teriam recebido uma “forcinha” da Juíza Eleitoral da Comarca de Candeias, Jaciara Borges Ramos para driblar o que determina o dispositivo legal, elaborado com o intuito de coibir a eleição de candidatos “ficha suja”: nunca foram condenadas, porque os processos existentes contra elas sequer deixavam o gabinete da Juíza Eleitoral da Comarca de Candeias.

Um dos motivos para as candidatas permanecerem imunes à Lei da Ficha Limpa, também encontrou causa no fato de que não havia qualquer controle do Cartório local sobre os processos, que também não estavam cadastrados no Sistema Informatizado do TJ/BA.

A juíza até chegou a se declarar suspeita em dois processos, mas os manteve em seu gabinete, parados durante todo o ano de 2012, com o intuito de beneficiar as rés, afirma o MPF. “A omissão e procrastinação praticada pela denunciada culminaram por macular a credibilidade do Poder Judiciário, frustrando, igualmente, a aplicação da Lei da Ficha Limpa”, explica o autor da denúncia, procurador regional da República José Cardoso Lopes.

O Ministério Público aguarda o recebimento da acusação pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), pelos crimes de sonegação de documentos e peculato. Existe, ainda, processo disciplinar contra a Juíza no CNJ, que tramita em segredo de Justiça.

Processo nº 0011498-74.2013.4.01.0000

Informações do CB e Rms Notícias