Um estudo americano verificou uma incidência maior de sobreviventes de câncer entre os homens homossexuais do que entre os heterossexuais.

O estudo, publicado na última edição da revista especializada Cancer, não oferece explicações para o fenômeno e sugere que novas pesquisas são necessárias para determinar a razão para a ligação.

Os pesquisadores analisaram dados de entrevistas com 122.

345 pessoas na Califórnia em 2001, 2003 e 2005.

3.

690 homens e 7.

252 mulheres disseram ter tido câncer em algum momento de suas vidas.

Os entrevistados também responderam sobre suas opções sexuais – 1.

493 homens e 918 mulheres se descreveram como gays, e 1.

116 mulheres se disseram bissexuais.

O cruzamento dos dados indicou que a proporção de homens gays que tiveram câncer era quase duas vezes maior do que a dos homens heterossexuais que tiveram câncer no passado.

Além disso, a pesquisa indicou que os homens homossexuais que tiveram câncer tinham desenvolvido a doença na média uma década antes do que os homens heterossexuais que tiveram câncer.

A pesquisa não identificou nenhuma ligação parecida em relação às mulheres, mas verificou que as mulheres lésbicas e bissexuais tinham uma situação de saúde mais precária após sofrerem de câncer do que as mulheres heterossexuais.

Razões

Para a coordenadora do estudo, Ulrike Boehmer, da Escola de Saúde Pública da Universidade de Boston, o resultado do estudo não permite dizer que “homens gays têm um risco maior de ter câncer” porque as razões por trás da incidência maior verificada na pesquisa podem ser complicadas.

Segundo ela, mais pesquisas são necessárias para determinar se os homens homossexuais realmente têm mais tumores ou se têm uma taxa de sobrevivência maior.

Os autores da pesquisa especulam ainda que a diferença no número de casos de sobreviventes de câncer pode estar relacionado ao maior número de câncer do ânus entre homens homossexuais ou a tipos de câncer relacionados à infecção pelo vírus HIV.

A análise da situação de saúde dos sobreviventes de câncer também indicou diferenças baseadas na orientação sexual.

As mulheres lésbicas e bissexuais tiveram até duas vezes mais chance de relatar “saúde precária” do que as mulheres heterossexuais.

O fenômeno não foi identificado em relação aos homens homossexuais.

Boehmer diz que “uma explicação comum para a razão de as mulheres lésbicas e bissexuais terem se declarado mais com saúde precária do que as mulheres heterossexuais é o estresse de minoria, que sugere que as mulheres lésbicas e bissexuais têm uma saúde pior, incluindo a saúde psicológica, por causa da discriminação, do preconceito e da violência a que estão sujeitas”.

Segundo ela, o resultado de seu estudo indica a necessidade de “mais serviços para melhorar o bem-estar de mulheres lésbicas e bissexuais sobreviventes de câncer” e de programas “concentrados na prevenção primária de câncer e na detecção de câncer em estágio inicial” em homens homossexuais.

* Fonte:R7