Na manhã desta terça-feira, 12 de janeiro, durante assembleia, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, Júlio Bonfim, falou sobre o impacto econômico que afetará o Brasil e a vida de milhares de famílias que dependiam dos empregos gerados pela atuação da Ford Motor Company no país. Um dia antes, na segunda-feira, 11 de janeiro, a fabricante de automóveis multinacional estadunidense anunciou o encerramento da produção de veículos nas fábricas instaladas no território brasileiro, incluindo a de Camaçari, município que integra a Região Metropolitana de Salvador (RMS).

“É uma grande mentira dizer que é só 5 mil trabalhadores. Na realidade, são quase 11 mil e quinhentos trabalhadores que estão sendo desligados, diretos, e isso vai impactar em quase sessenta mil trabalhadores”, afirmou Júlio.

“Por que? Dentro da fábrica nós temos um acordo coletivo que agrega os trabalhadores das empresas de auto peças, como também trabalhadores diretos, e isso acumula os quase quatro mil e quinhentos, cinco mil e quinhentos trabalhadores Ford, mais três mil trabalhadores, dois mil e quinhentos trabalhadores também das auto peças e isso soma-se oito mil trabalhadores, mais quatro mil trabalhadores que produzem fora do complexo Ford e direto para o complexo Ford. Então, são quase 12 mil trabalhadores”, acrescentou.

Em sua explanação, Júlio ainda censurou a atuação do Governo Federal, que segundo ele, “nada faz”.

“O Governo Federal que nada faz, ele tem não tem um programa de governo na questão da economia, da reindustrialização desse país, não se faz nada e hoje nós estamos aqui tentando garantir o emprego dos trabalhadores da Bahia, mas também de centenas de trabalhadores, milhares de trabalhadores da Ford de Taubaté [no interior de São Paulo] e também da Ford Troller, no Ceará, que está sendo também encerrado e impactado com as demissões”, pontuou.

“Então, não é o fechamento da fábrica exclusivamente de Camaçari, mas de todo o encerramento produtivo do Brasil, por uma incompetência de gestão do Governo Federal, de um país que está parado, onde o próprio presidente [Jair Bolsonaro] falou que o país está quebrado e ele não pode fazer nada”, estendeu.

“Brasil quebrado”

A declaração do presidente Jair Bolsonaro, que se referiu Júlio Bonfim nesta terça-feira, foi feita no dia 5 de janeiro de 2021. Na ocasião, em conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, o mandatário assegurou que o Brasil estava “quebrado” e que ele não conseguia “fazer nada”.

“Chefe, o Brasil está quebrado, não consigo fazer nada. Eu queria mexer na tabela do Imposto de renda, [mas] teve nesse ano [2020] esse vírus potencializado pela mídia que nós temos”, frisou Bolsonaro a um apoiador, conforme divulgou o UOL.

Um dia depois, na quarta-feira, 6 de janeiro de 2021, após a repercussão negativa de sua fala, Bolsonaro, em tom de ironia, garantiu que o país, na verdade, estaria “uma maravilha”.

“Confusão ontem, viu? Que eu falei que o Brasil estava quebrado. Não, o Brasil está bem, está uma maravilha”, disse o presidente.

Decisão da Ford

No Brasil, serão mantidos somente o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, o Campo de Provas e sua sede regional, ambos em São Paulo.

Em nota, divulgada na segunda-feira (11), a fabricante de automóveis multinacional enfatizou que a decisão foi tomada “à medida em que a pandemia de Covid-19 amplia a persistente capacidade ociosa da indústria e a redução das vendas, resultando em anos de perdas significativas”.

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