Embora tenha recebido alta médica na segunda-feira (22), a adolescente de 12 anos que deu à luz no sábado (20), em Salvador, volta nesta quarta-feira (24) para casa, mas sem o bebê. Ele permanece internado na maternidade Professor José Maria de Magalhães Neto, no bairro do Pau Miúdo, na capital baiana.
"Deram alta, mas eu pedi para ela ficar lá para ver se saía junto com o bebê, que tinha previsão [de alta] para hoje. Ele já respira só, mas não suga sozinho, mama através de sonda e ainda vai fazer outros exames, então ontem a pediatra disse que não ia liberar ele", diz a tia da garota, Lusimarina da Cruz.
A família está otimista sobre o estado de saúde do bebê. Na terça-feira (23), a mãe da criança começou a tirar leite para armazenamento. "Ontem ela começou a tirar leite, os peitos dela estão de fazer gosto de tanto leite", brinca a tia.
A menina, que é da zona rural de Sátiro Dias, a 200 Km da capital baiana, vai morar com Luzimarina na cidade de Porto de Sauípe, na região metropolitana de Salvador. "Como é longe, combinei com os médicos e a assistente social de ver o bebê de três em três dias", conta a tia.
O bebê nasceu aos sete meses de gestação, pesando 1,8 kg e medindo 47 cm, em parto normal. "Tudo mostrava que existia boa proporcionalidade, que essa criança nasceria sem dificuldades, o que aconteceu. Foi parto simples, normal e pariu como Deus manda, naturalmente, que é o bom para as mulheres", disse o médico Amado Mizarala, coordenador do setor de obstetrícia da maternidade.
Caso
Segundo a família, quando começaram os enjoos, a mãe levou a menina ao médico na cidade de Alagoinhas, no nordeste da Bahia, perto de Sátiro Dias, mas não imaginava que pudesse se tratar de gravidez.
“Até agora ainda estou em choque por causa desse problema dela. Ela é uma criança, né?! E segura outra criança na barriga. E o pai é mais criança que ela ainda”, enfatizou Maria Solange da Cruz, mãe da garota grávida, na ocasião.
A futura avó é viúva tem outros quatro filhos e vive com pouco mais de R$ 500 por mês. Ela afirmou não ter condições de criar o neto, mas a irmã dela, tia da adolescente, disse desde o início que a criança não passaria dificuldade. “Eu tenho três filhos, mais um faz quatro. Mais uma boca na minha casa. Não tem problema não”, assegurou a Lusimarina.
A menina engravidou do primo, que também tem 12 anos.
Situação de alerta
A situação chamou a atenção por causa da pouca idade da mãe. Segundo Mizarala, no dia em que a adolescente deu à luz, outras cinco crianças nasceram de mães também adolescentes, entre elas, uma de 13 e quatro de 14 anos. A Secretaria da Saúde afirma que, em 2011, foram mais de 46 mil partos em mulheres de 10 a 19 anos. No ano passado, foram 40.350. Pacientes nessa situação podem procurar atendimento no Iperba, que fica no bairro de Brotas, ou na maternidade Professor José Maria de Magalhães Neto.
"É extremamente preocupante, porque o parto em uma adolescente significa mais doenças tanto para a mãe como para a criança. Nós temos mais prematuridade, eclâmpsia, infecção, temos vários problemas de saúde. São mulheres que não se desenvolveram fisicamente e que leva a ser operada, fazer cirurgia e ter mais complicações também", explica o médico Amazo Mizarala.
G1*