O presidente da Câmara de Vereadores de Salvador, Geraldo Júnior (MDB), divulgou uma nota em que reagiu aos ataques do prefeito da capital, Bruno Reis União Brasil). Em entrevista coletiva na tarde de quarta-feira (10), o chefe do Executivo disse que Júnior, seu ex-aliado, cometeu uma atrocidade” ao conduzir a tumultuada sessão que acabou derrubando um veto seu a um projeto que autoriza reajuste de 242% no salário dos agentes de combate a endemias e agentes comunitários de saúde.

Segundo Reis, o aumento, se sancionado, gerará um impacto de R$ 310 milhões nas contas municipais.

“R$ 234 é um reajuste maior do que tiveram todos os outros mais de 30 mil servidores da prefeitura. E aí, com a minha responsabilidade de prefeito, de defender a cidade, eu não vou fechar UPA pra pagar R$ 7 mil para agente comunitário de saúde. Eu não vou fechar o Hospital Municipal. Eu não vou deixar de coletar o lixo das pessoas”, declarou o prefeito, que chamou a atuação do chefe do Legislativo de “eleitoreira”.

Geraldo Júnior é candidato a vice-governador na chapa encabeçada por Jerônimo Rodrigues (PT), principal aliado de ACM Neto (União Brasil), seu aliado e padrinho político.

No comunicado enviado à imprensa, o emedebista afirmou que, “na condição de vítima desses ataques e como presidente da Câmara, não poderia deixar de se manifestar para restabelecer a verdade a sociedade e desconstruir as versões falaciosas”.

“Quando penso que pela longa experiência que tenho na política nada mais seria capaz de me surpreender, eis que sou surpreendido com a fala do prefeito Bruno Reis que, para justificar erros de sua gestão, fica a inverter fatos”, iniciou Geraldo Jr.

Segundo ele, por desconhecer a Constituição, Reis cria “inverdades para encobrir sua falta de trato na gestão administrativa de Salvador”.

Leia abaixo a íntegra da nota de Geraldo Jr.:

“Quando penso que pela longa experiência que tenho na política nada mais seria capaz de me surpreender, eis que sou surpreendido com a fala do prefeito Bruno Reis que, para justificar erros de sua gestão, fica a inverter fatos.

O prefeito iniciou a coletiva atacando a Câmara e os vereadores. Na condição de vítima desses ataques e como presidente da Câmara, não posso deixar de me manifestar para restabelecer a verdade a sociedade e desconstruir essas versões falaciosas.

Assim, gostaria de lembrar ao prefeito que devido à sua origem no Legislativo e sua formação em Direito, além da convivência diária com seu irmão, que é um dos mais bem relacionados advogados da Bahia e seu conselheiro, Dr. Michel Reis, impede que ele passe por desinformado de como funciona uma Casa legislativa.

Não posso conceber que desconheça a Constituição, com o fito de criar inverdades para encobrir sua falta de trato na gestão administrativa de Salvador.

O prefeito foi deputado estadual e sempre me lembro, quando o deputado Marcelo Nilo , então presidente da Assembleia, o chamou de ‘Invertebrado’.

O prefeito Bruno Reis deve saber muito bem que pela Constituição deve ser respeitada a independência entre os poderes para que a democracia funcione na sua plenitude.

Não cabe ao Executivo se imiscuir em nossa Casa e dizer como ela deve funcionar, nem como os vereadores devem votar as matérias.

Para isso, existe o Regimento Interno, que serve para nortear o funcionamento da Câmara.

A contrário sensu, o prefeito insiste em me acusar e indiretamente os vereadores todas as vezes que o resultado não o agrada.

Por questão de Justiça devo registrar que o seu antecessor, o ex- prefeito ACM Neto, do UB , reconhecia muito mais o nosso trabalho à frente do Legislativo do que ele, a ponto de declarar que se entendia comigo pelo olhar e declarar seu voto para vereador em mim na eleição para vereador.

E ainda arrematou dizendo que, em suas palavras, “Bruno Reis precisaria da minha experiência e competência à frente da Câmara’ para ajudá-lo na sua gestão.

Continuo como presidente da Câmara e a mudança que houve foi Bruno no lugar de ACM Neto. Daí dá para deduzir que o responsável pelas crises existentes entre os poderes é de responsabilidade do atual prefeito e não minha ou daquele Poder que prefere estar sempre ao lado do povo e cumprir suas atribuições constitucionais, qual sejam a de legislar e fiscalizar os atos do Poder Executivo.

Não posso ser culpado pela saraivada de crises de sua gestão, a destacar a convocação legítima do seu secretário de Saúde que foi convocado, legitimamente pelos vereadores, para dar explicações sobre contratos da Secretaria beneficiarem empresas terceirizadas.

O que mais nos chamou a atenção foi a reação do prefeito que acusou os vereadores de manipulação e politicagem, proibindo o secretário de comparecer.

Não seria mais fácil ele comparecer e demonstrar que não existe nenhuma irregularidade nos contratos denunciados?

Lembro ainda que na minha reeleição, quando obtive em votação nominal , com ata assinada pelos vereadores, com os votos necessários, o prefeito de se deixou levar pela emoção, e fez várias críticas infundadas aos vereadores de sua base, os mesmos que deram quórum e me elegeram.

Nesse episódio mais recente da derrubada do veto ao aumento dos agentes de saúde, o prefeito esquece que foram os vereadores que aprovaram o projeto por ele vetado, existindo para tanto um desejo de beneficiar os agentes de saúde, o que se concretizou com a votação vitoriosa no plenário da Casa, conseguindo o quórum exigido e sem nenhum protesto da bancada governista.

O prefeito tenta, para desviar a atenção de mais uma derrota da sua fraca atuação de seus líderes na Casa, nos acusar de não seguir o Regimento para votação, quando está tudo gravado em áudio e imagem.

De sorte, que não há argumentos contra aquela Casa legislativa que respeitamos e defendemos.

O que mais nos chama a atenção é que o prefeito que hoje nos acusa de politicagem, para obter benefícios políticos eleitoreiros, é o mesmo que se utiliza desses métodos para beneficiar seu chefe.

A nomeação do presidente do PTB, numa instituição séria como a Arsal, em troca do apoio do partido para a eleição estadual, é escandalosa.

Seu chefe e por azar o presidente do PTB por conhecer o modus operandi do prefeito e de seu mentor, vinculou o anúncio do apoio à publicação no Diário Oficial.

Na sua fala, o prefeito ainda tem o desplante de de dizer como devem funcionar as Comissões e as votações na Câmara.

Nunca nos manifestamos no sentido de apontar como deve ser conduzido o seu governo.

A autonomia dos poderes de nossa parte sempre foi respeitada, nos reservando o direito de, nas votações, apresentar emendas que posam melhorar as matérias.

Quero deixar claro que a nossa Casa não está disposta a compactuar com equívocos e erros do Executivo, sejam eles intencionais ou não.

O que o povo espera de nós é o direito de exercer o nosso trabalho com tranquilidade e independência.

Encerro dizendo ao prefeito que me respeito e quero apenas respeito. Estarei vigilante e com a coragem de quem tem a verdade ao seu lado a repelir energicamente qualquer ataque a minha honra e dos colegas, mesmo que alegue que não conhece o significado da palavra honra e que também respeite a classe trabalhadora da nossa cidade já tão sofrida com desemprego e com a grande carga de impostos , taxas e multas ilegalmente majoradas por iniciativa do ex prefeito ACM Neto e por seu Vice Bruno Reis .

Aconselho também ao prefeito estude mais sobre a profissão de Agente de Saúde para ele descobrir a responsabilidade que eles têm de proteger a nossa saúde , chegando inclusive em lugares que outros funcionários não tem acesso.

Caso seja a vontade de Deus, sairmos vitoriosos no próximo 02 de outubro e, como vice-governador, poderei defender um Poder Legislativo independente em todos os municípios baianos, pois só assim esqueceremos a Bahia do Coronelismo e do atraso”.

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