O Ministério da Economia informou que sua estimativa oficial para o crescimento do Produto Interno Bruto, PIB, em 2020 foi revisada de 2,4% para 2,1%. A projeção consta no Boletim Macrofiscal, divulgado pela Secretaria de Política Econômica nesta quarta-feira, 11.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia.

De acordo com a área econômica, a revisão para baixo está relacionada com os efeitos do surto do coronavírus na economia mundial e, consequentemente, no Brasil.

“Os impactos esperados [do coronavírus] sobre a economia brasileira situam-se dentro de um intervalo de -0,1 ponto percentual a -0,5 ponto percentual no crescimento de 2020, com um valor próximo a 0,3 ponto percentual como sendo o cenário mais provável”, informou o ministério no boletim.

O ministério aponta que o tamanho do impacto da crise provocada pelo coronavírus sobre os países “dependerá da sua magnitude e da dinâmica de sua recuperação”, e que o surto pode gerar “choques negativos”, tais como: choque de produtividade, devido a quebras de cadeia produtiva e possíveis limitações promovidas pela doença ao trabalho; choque de demanda; resultante na queda de PIB mundial; choque nos preços de commodities; choques nas condições financeiras, limitando o crédito.

Com a revisão anunciada nesta quarta, a previsão do governo se aproxima da estimativa mais recente do mercado financeiro para o desempenho da economia brasileira em 2020. De acordo com pesquisa realizada pelo Banco Central na semana passada, os investidores esperam crescimento de 1,99% para o PIB neste ano.

A crise gerada pelo coronavírus representa um obstáculo a mais para o Brasil, que vem enfrentando dificuldades para retomar um crescimento mais consistente depois da recente recessão.

No começo de março, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, divulgou que em 2019 a economia brasileira registrou crescimento de 1,1%, o desempenho mais fraco em 3 anos.

Petróleo

O Ministério da Economia também fez comentários sobre a queda do preço do petróleo nos últimos dias, por conta de conflito sobre o nível de produção entre os maiores produtores (Rússia e Arábia Saudita).

“De um lado, uma queda no preço de petróleo pode ser interpretada como um choque positivo na oferta, diante da redução do custo dos insumos de produção. Por outro, há empresas muito alavancadas que poderão ter dificuldades creditícias à frente, caso o preço do petróleo permaneça no patamar atual”, informou.

O governo acrescentou que, “no momento atual”, as dificuldades das empresas, e seus desdobramentos, “têm se sobreposto aos efeitos positivos e são responsáveis por elevar as preocupações dos investidores globais”.

“Estamos monitorando de perto os desdobramentos do Covid-19 [coronavírus] e a recente queda no preço do petróleo e reafirmamos que a melhor resposta ao novo cenário é perseverar com as reformas fiscais e estruturais”, informou o Ministério da Economia.

Bloqueio de gastos

A desaceleração da economia e a queda do preço internacional do petróleo, que tendem a reduzir a arrecadação federal, devem gerar um bloqueio de gastos no orçamento federal – que pode ser anunciado na próxima semana.

Nesta terça-feira, 10, o secretário-especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, afirmou que “muito provavelmente um contingenciamento de gastos será anunciado pela área econômica na semana que vem.

Inflação

Segundo o estudo da Secretaria de Política Econômica, a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial, a expectativa para este ano passou de 3,62% para 3,12%.

Na semana passada, o mercado financeiro estimou um IPCA DE 3,20% para 2020.

A expectativa de inflação do mercado para este ano segue abaixo da meta central, de 4%. O intervalo de tolerância do sistema de metas varia de 2,5% a 5,5%.

A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional, CMN. Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia, Selic.

No ano passado, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, IPCA, considerado a inflação oficial do Brasil, fechou em 4,31%, acima do centro da meta para o ano, que era de 4,25%. Foi a maior inflação anual desde 2016.

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