Mais de 100 dias se passaram de isolamento social. Podemos dizer que muitas coisas mudaram e que nada será exatamente como antes. O cotidiano agora é outro. As pessoas trabalham em casa, malham em casa, divertem-se em casa, as crianças estudam em casa, brincam em casa… E com toda mudança vem as reflexões.

A Moda, assim como outros setores da economia, foi bruscamente impactada por essa pandemia. E nesse contexto, de crise, de alterações de paradigmas, de deslocamento de um cenário aparentemente “normal”, a Moda também vem refletindo sobre todo o funcionamento da sua cadeia produtiva e do seu papel na sociedade e no mundo. Desacelerar já pode ser considerado um ponto pacífico. Grandes designers como Giorgio Armani já reconhecem que é necessário diminuir o ritmo de produção e de vendas e oferecer uma moda atemporal. O impacto social e ambiental causado pela produção de uma única peça de roupa deve ser repensado. Gosto muito de usar o exemplo da calça jeans. Para produzir uma unidade são necessários em média 10.000 litros de água. Segundo relatório da ONU, até 2030 o planeta pode enfrentar um déficit de 40% de água. Sim, a nossa água está acabando!

E por conta de todas essas reflexões, a principal agenda da Moda hoje é a Sustentabilidade social, econômica e ambiental da sua indústria. Como consumir os recursos naturais hoje de forma a garantir o consumo futuro desses recursos?  Não basta só VENDER. Não basta só LUCRAR.  É preciso produzir algo que faça sentido para o planeta e para as pessoas que vivem nesse planeta. Esse processo não acontecerá de um dia para o outro. Mas ele já se iniciou e é um caminho sem volta!

E nós consumidores?  O que temos a ver com isso?

Diante desse momento de tantas mudanças, fomos obrigados, a diminuir o consumo de moda e a priorizar outros itens diante da nova realidade. Será que não é hora de repensar esse hábito de comprar moda, considerando tudo o que está em jogo? Até que ponto comprar aquele vestido, que provavelmente será usado pouquíssimas vezes e que você não faz ideia de como foi produzido, qual matéria-prima foi usada, qual o impacto ambiental desse processo, quem produziu essa peça e sob que condições essa pessoa trabalha e vive, faz sentido pra você? A indústria vende, mas somos nós que compramos e damos continuidade a esse ciclo vicioso. Nós somos atores desse processo e, arriscaria a dizer, os protagonistas desse capitalismo selvagem.

Por isso, apaixonada que sou pela Moda e na importância dela numa sociedade, acredito cada dia mais numa Moda Inteligente, onde a roupa possa ser usada e “abusada”, e não ser mais encarada como algo quase descartável. Acredito que podemos substituir o Consumismo pelo Consumo Consciente, assumindo a responsabilidade das nossas escolhas. Só assim estaremos de fato realizando nossas “Micro revoluções” e ajudando nessa mudança para um mundo melhor.

Moda Inteligente e Consumo Consciente é a minha Agenda.

E você? Qual é a sua?

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