O estímulo à abstinência sexual, que deve se tornar um dos pontos do novo programa do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos para combate à gravidez precoce, deve seguir um modelo já aplicado no Chile.

Em algumas declarações públicas, a ministra Damares Alves e representantes da pasta reforçam o discurso a favor da “preservação sexual”. Até o momento, ainda não existem definições de como serão as diretrizes do Plano Nacional de Prevenção ao Risco Sexual Precoce, que deve ser lançado em breve. Porém, no dia 10 de janeiro de 2020, o governo divulgou um comunicado oficial destacando estudos científicos “que apontam resultados exitosos” da educação para retardar o início das atividades sexuais de crianças e adolescentes.

O material ‘Teen Star’, que é citado na nota, tem origem católica e é baseado em uma “educação afetiva e sexual”. O programa foi criado nos anos 1980 nos Estados Unidos (EUA) pela ginecologista e missionária católica Hanna Klaus. À época, o governo de Ronald Reagan (1981-1989) pôs em prática pela primeira vez uma política de incentivo à abstinência de sexo como forma de evitar a gravidez precoce, bem como infecções sexualmente transmissíveis.

O Teen Star ganhou sua versão latino-americana nas décadas de 1990, no Chile. O modelo entrou na lista de sete programas escolhidos pelo presidente Sebastián Piñera, em 2011, para serem aplicados na qualificação de professores que trabalham em escolas públicas e particulares do país.

Em suma, a maioria dos programas é desenvolvida por instituições católicas. Selecionados a partir de critérios pré-estabelecidos pelo Ministério da Educação chileno, deveriam incentivar a postergação do início da vida sexual de jovens e adolescentes e ter padres em seu corpo docente.

Segundo levantamentos realizados pela equipe da Pilar Vigil, 20% dos jovens que já haviam iniciado a vida sexual e passaram pela formação do programa decidiram “parar” de transar.

No entanto, segundo relatório do Fundo de População das Nações Unidas, de 2018, apesar de ser o país latino-americano com a menor taxa de gravidez precoce (41 em cada mil jovens de 15 e 19 anos ficam grávidas), o Chile tem um alto índice de contágio de HIV.

De acordo com o Ministério da Saúde chileno, entre 2010 e 2017, foi registrado um aumento do soropositivos no país: passando de 2.900 para 5.816.

0 0 votos
Article Rating