Ao longo da semana, mais especificamente na quarta-feira (16/12), os conhecimentos e as práticas relacionados ao preparo e ao consumo do tradicional cuscuz foram declarados Patrimônio Imaterial da Humanidade.


Na ocasião, durante reunião por videoconferência, o Comitê de Patrimônio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), sob a Presidência da Jamaica, determinou a aprovação do pedido apresentado, em conjunto, pelos seguintes países: Argélia, Mauritânia, Marrocos e Tunísia.

Os quatro países haviam argumentado que tais saberes e práticas, parte integrante de seu patrimônio cultural, eram praticados por todas as populações, de todos os gêneros, de todas as idades, sedentários ou nômades, rurais ou urbano, incluindo os imigrantes, e em todas as circunstâncias: dos pratos do dia a dia às refeições festivas.

Outras informações

O cuscuz é um prato berbere originário do Magrebe (região do noroeste do continente africano). Por lá, ele tem uma particularidade diferente da que é conhecida no Brasil. A preparação de sêmola de cereais, é feita principalmente com o uso do trigo (quando a sêmola é amassada à mão com um pouco de água até se transformar em pequenos grãos que devem ser cozidos no vapor numa cuscuzeira e servidos com um molho que pode ter sido feito na parte inferior da cuscuzeira).

Na Tunísia, o cuscuz tem “estatuto” de prato nacional, mas em Marrocos e Argélia é praticamente o prato do dia. O molho que acompanha o cuscuz pode ser um guisado apenas de vegetais, ou ter carne ou peixe (principalmente nas zonas costeiras). Lá, a iguaria é preparada com carne de borrego e frutas secas, mas o mais famoso é feito com o estômago do borrego recheado com ervas aromáticas e outros temperos.

No Marrocos, o prato é servido com um molho de sete vegetais, que é tradicionalmente oferecido às sextas-feiras, depois da oração do meio-dia. Já a receita em sua versão mais doce, com amêndoas, cebola caramelizada e várias especiarias, é reservada para dias de festa. O cuscuz foi escolhido como o terceiro prato mais popular para os franceses, em 2011.

Brasil

No território brasileiro, o cuscuz pode ser feito à base de farinha ou polvilho, de milho, arroz ou mandioca. Salgada e levemente umedecida, a massa é posta a marinar para incorporar o tempero. Daí, tem a sua cocção pela infusão no vapor.

O prato pode ser incrementado com outros ingredientes, como é o costume na região Sudeste, ou apenas ir acompanhado de leite, ovos, manteiga ou carne-de-charque, como é a preferência no Nordeste.

Na Região Norte, o cuscuz pode ser doce e consumido com leite de coco, comumente no café da manhã, acompanhado de tapioca, iguaria popular em todo o Brasil.

No Nordeste o cuscuz é comumente consumido nas três principais refeições diárias, podendo ser o prato principal do café-da-manhã e/ou do jantar e sendo utilizado como farofa no almoço. Antigamente, na referida região, a iguaria era feita com milho triturado no pilão e moído em moinho de pedra, sendo em seguida cozido na panela, envolto por um pano (tipo pano de prato).

O famoso cuscuz-paulista é um prato de preparação mais complexa e de consumo menos frequente. Ele leva farinha de milho, feito com peixe e camarão, ou galinha, ovos cozidos e muito tempero.

Além do Brasil, o cuscuz também é consumido em outros países da América Latina. Em Portugal acredita-se que ele chegou durante o reinado de D. Manuel I, entre 1495-1521, sendo mencionado na obra de Gil Vicente.

A grafia francesa ‘couscous’ é frequentemente usada para todas as variações deste prato em livros de culinária europeus.

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