Dados do governo federal apontam que o programa Pátria Voluntária, coordenado pela primeira-dama Michelle Bolsonaro, gastou, até agora, mais com propaganda do que efetivamente arrecadou. 

De acordo com informações do jornal Estado de São Paulo neste sábado (24), o programa praticamente não recebe novas doações desde julho do ano passado. 
Segundo a publicação, até março deste ano, o governo empregou R$ 9,3 milhões para divulgar a iniciativa. Foram R$ 9,039 milhões em publicidade e mais R$ 359 mil para manter o site institucional do programa no ar.

As doações feitas por empresas privadas e pessoas físicas às entidades que atendem pessoas carentes, por sua vez, somam R$ 5,89 milhões. Os valores arrecadados são depositados numa conta gerida pela Fundação Banco do Brasil, e a maior parte do dinheiro foi revertido em cestas básicas. 

Já o dinheiro usado na publicidade do programa é público, e vem de verbas do Orçamento da Secretaria de Comunicação, arrecadadas por meio de impostos. Quinze dos 23 ministros participam do conselho que define, por meio de chamamento público, as entidades que irão receber as doações. 

As atas das reuniões, contudo, mostram que eles costumam enviar assessores para representá-los. Desde maio de 2020, o colegiado só se reuniu três vezes. O último encontro aconteceu no último dia 23 de fevereiro. 

Entre os doadores originais do projeto estão a Via Varejo (por meio da Fundação Casas Bahia); a rede Carrefour; o frigorífico Marfrig; as multinacionais Unilever e Bayer; e a rede de estúdios de depilação Espaço Laser. 

Segundo apurou o jornal, em pelo menos um caso – o da Via Varejo – as contribuições foram pontuais e não há previsão de novas doações para o “Arrecadação Solidária”. 
A divulgação do Pátria Voluntária está a cargo da agência carioca Artplan, uma das principais prestadoras de serviço do governo federal. Também segundo o jornal, os gastos do governo com a campanha do Pátria Voluntária também ultrapassam os de várias outra.

Para divulgar a importância de combater o mosquito Aedes Aegypti, por exemplo, o governo usou R$ 2 milhões, em 2020.  Já para a “conscientização das famílias sobre os riscos de exposição de crianças na internet” o montante dispendido foi de R$ 1,9 milhão. Por fim, para falar sobre o “cuidado precoce” contra a Covid-19 foram cerca de R$ 6 milhões.

Os R$ 9,3 milhões da campanha do “Pátria Voluntária” são comparáveis ao dinheiro destinado a divulgar ações de enfrentamento à violência contra a mulher em 2019 (R$ 10,2 milhões). Procurada pela reportagem, a Secom não respondeu.

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