A preocupante situação da educação na rede pública municipal de Camaçari, precarizada pela carência de materiais didáticos, professores que se sentem desvalorizados e uma greve que já dura 13 dias, também é referendada por dados estatísticos. A secretária de Educação, Neurilene Martins, em entrevista concedida ao programa Bahia no Ar nesta quarta-feira (23), revelou resultados de uma pesquisa que exemplificam e atestam a gravidade do problema.

O discurso da secretária já começou com uma informação nada animadora: por conta da suspensão das aulas pelos professores, em campanha pelo pagamento de reajuste salarial, a previsão é que os dias letivos de 2017 se estendam até fevereiro do ano que vem.

Apesar do cenário não empolgar, ela faz questão de frisar que o ano não está perdido. “Estamos trabalhando para prover as escolas de alimentação, transporte e todo aparato necessário para que a educação possa volta a funcionar. Afinal, o que está em jogo é um ano da vida de nossas crianças e adolescentes”, declarou.

A preocupação em promover o retorno das aulas também é motivado pelo desejo de mudar uma realidade já constatada e que reflete problemas antigos e atuais: “Apenas 35% dos nossos alunos do 9° anos dão conta de ler e compreender. Dentre todos os estudantes do 4° ano, 25% não leem nem escrevem convencionalmente”, revela, informando que os dados resultam de um diagnóstico realizado no mês de junho.

Neurilene afirmou ainda que o direito ou o mérito dos professores não está em discussão e que a luta pela valorização não pode estar desgarrada do direito de ensinar. “Como professora, minha posição sempre foi apartidária. Hoje, atuando como secretária, meu posicionamento é o mesmo. Atuo pela educação. Concordo que devemos lutar pelos direitos, mas sem abandonar a sala de aula”, concluiu.

 

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